sábado, 29 de dezembro de 2007

Jardins

fico dezembramente preguiçosa
digo até breve a Primavera,
e tiro as manhãs e as tardes
coloridas do verão, com um céu azul, ora nuvens pesadas
para esquecer a escravidão de todos,
e não a minha... ou a minha também ?
quero colo de mãe, quero o café da manhã posto,
almoço quentinho feito na hora
ficar descalça, andar nos quintais
da Augusta e da Luisa que há tempo me deixaram!
quero um jardim igual aquele da infância;
com margaridas brancas, lírio amarelos,
muitas violetas... e a paz por perto

ou aquele cheio de beijinhos
variando os coloridos das flôres
deixando o chão de terra virar tapete bordado!
e as flôres de maio penduradas nos troncos,
também florindo em outros meses...
o pé de jabuticaba crescendo entre as plantas,
e entre elas, as crianças ...

no quintal da Luisa ,
flôres, bica d'água, mexerica do rio e pé de lima
no quintal da Augusta,
acerola, abacate e laranja lima
em ambos, pé de manga e mãos de mãe
e colo pra crianças doentes
e ouvidos para as dores dos adultos
Luisa avó, Augusta chamada por avó,
querida e amada pelos meus filhos!
em ambos jardins, a paz fez sua morada...

em ambos eu , criança em uma época
adulta em outra, andava de pés no chão
sob o tapete colorido transformados e cuidados
pelas mãos dos poucos e raros amores
de minha vida... grandiosas mulheres
que Deus me presenteou ...
e a minha vida ganhou sabedoria,
simplificou o que sempre foi simples:
criar filhos ou netos,
plantar sementes de maracujá com os pés,
contar histórias de assombração, fazer vestidos de boneca,
ou, ensinar aos netos, andar no cavalinho
dado ao pai das crianças
quando ele, criança...
e me ensinaram, sem dar aulas,
sem nenhuma didática ,
que a paz mora nos jardins construídos pelas nossas mãos,
rodeadas de crianças, rodeadas de flôres
e cheinha de alma feminina,
nos cantos, nas palavras
e nos sofreres calados...
Augusta e Luisa
Quando as perdi, eu e os meus filhos
ficamos pobres de amor...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

fostes

catorze do doze,
33 catorze de dezembros...
aplausos prá nós!
não foram fáceis
os tempos iniciados juntos
e os caminhos percorridos na solidão
do aprender a amar, compartilhar ,
cuidar, pactuar e se virar!
colhemos muito, fizemos muito!
ajeitamos, consertamos, construimos,
passamos por pontes, rios, mares,
estradas estreitas, perigosas, cansativas
e por outros caminhos
com largos tapetes de areia
cheirando a frutos, flores e mato
e a alegria dos nascimentos
das crianças saudáveis e belas
expandia a grandiosidade do "nós"

a vida era assim:
deixava pequeno o sofrimento,
porque na mistura das emoções
prevalecia a cantiga de amor,
no "silêncio de nós dois":
e principalmente porque
tu "foste o meu homem
e eu,tua mulher"

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Tuon

Rogério, tô te conhecendo ...
devagar, as nossas vidas acabaram
se enrolando, pelos avessos de enxergar as coisas
e pela maneira de nos enxergarmos!
fizemos um silencioso contrato simbiótico:
vai você, agora sou eu, não faço,
eu faço, fala que é a tua vez,
cala a boca, eu explico,
eu vou enrolar... não vai não senhora
deixa comigo... não encha!
prometo que eu vou, e não vai
eu não quero mais saber... e levo pronto
essa eu encaro... num vô!
por que eu? e por que eu?
e lá estamos nós...
acabou? o que? ah... não diga!
você acha que eu dou conta
fala mulher, abra a boca!
e garra a falar , você...
tudo certo neste samba !
e estamos nóis fazendo coisas que nunca fizemos
e batendo a cara...
e dando a cara para bater...
e despercebidamente há mudanças na cidade
na cadência do samba do crioulo doido!
ai que enxaqueca! ai, que dor no corpo!
tenha dó!!!

Priscila

bate o ar do natal na casa!
reluz a sala com cores , luzes e brilhos
bolas vermelhas e enfeites
lembrando a terra fria
do velho papai noel...
e criança, bem devagar,
chega a Priscila... desconfiada, olhos intrigados,
será mesmo uma magia ?
corre, canta, faz graça e se enroooooooooola
nos fios, nas cores, nas bolas...
perplexa, tem medo do velho de barba branca
e me chama a atenção: "vou pedir uma boneca que canta"
"e como ele vai saber que eu quero esta?"
faça uma cartinha, sugiro.
e a menininha deita no chão com
lápis coloridos e sulfite branco
e desenha a boneca que canta...
Feliz, deixa na árvore de natal
o seu pedido ao papai noel
na certeza , mesmo com medo,
que será atendida:
Pronto! agora é só por o seu sapatinho
na janela do quintal!
e a tarde passou serena
despejando harmonia em nossas vidas!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Onde?

entornei o caldo
não teve sobra
passei o mata-borrão,enxuguei,
e sentada ao chão percebi
a beleza que contem
as cores do mundo colorido
fiz enfeite pra vida com as mãos,
e me enfeitei, e presenteei os filhos,
os amigos ,enfeitei os santos preferidos,
os lugares por onde passei
rezei... e pedi ao papai noel desse natal,
para me deixar na ponta do nariz
do boneco de gelo no pólo norte
ou na linha do equilibrista do circo!
quero ficar congelada,
ou equilibrada no centro da corda bamba,
para viver o tempo do aprendizado
e preencher as lacunas entre o "self"
e aquilo que penso ser ...
e me recompor na solidão do gelo,
onde poucas vidas , persistem...
onde eu "na geleira azul da Solidão"
me reconstruo, em minha história,
e me reencontro com minha alma

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

viagem

Deixa que eu me aprofunde
nos sentimentos de minha alma,
dê espaço, saia da frente
quero perguntar o que me oculta,
a desconhecida alma,
para me presentear com o INcontrável!
tento descobrir no grande mar de emoções,
o que está dizendo a minha intuição
Fico horas procurando a porta ou o ticket
que me dê passagem para o meu interior,
para dentro da profunda e obscura alma
que cores encontrarei?
que jardim ou deserto?
que águas ou fogo?
que amores ou angústias?
que som tem a minha alma?
tem jeito de caminho estreito, escuro,
mas prometendo algum feixe de luz ...
este caminho é só meu,
não há espaço para companhia,
não há ajuda para percorre-lo...
O que poderia encontrar ?
meninas, anjos, demônios, pessoas
abismos, casas repletas de carinho,
labirintos , pedras, florestas,
chocolates ou o gosto amargo das perdas?
saia, deixe-me entrar por essa estrada
que é só minha, e revirar tudo...
e mexer, remexer, desfazer, completar,
guardar, descartar, apagar,
e embrulhar num pacote de natal
a descoberta do "eu"
para a minha paz, para o meu viver!
a intuição me informa que há algo para
consertar!

Vou fazer café ... e tomar fresquinho,
uma xícara de café!
queria a Dedé e o Paulo para me acompanhar...
e esquecer esta minha viagem!
Onde andará Rogério, Anna e Alaor?
em que rua se esconderam?
em que jardim, em que rios?
"em que terra ,em que mar?"

sábado, 24 de novembro de 2007

Encantos

Cheguei do trabalho:
fico preguiçosa nesta noite de sábado
as energias se foram,
pareço "sei lá o que de vazio"
Ouço a Nara Leão
cantando Chico:
"Por que me descobriste no abandono?
Com que direito me arrancaste um beijo?
Por que me incendiaste de desejo?
Se eu estava bem...morta de medo!"
penso no que fazer...
não dá pra descansar porque a adrenalina do PS
ainda me envenena e o meu cérebro não repousa
Ah, já sei: vou tomar uma cerveja preta em boa companhia!
ou continuar ouvindo música:
" Meu pai dormia em cama , minha mãe
no pisadô"... ainda a Nara
eu me lembro de uma casa na Beira do Rio,
em Santa Maria da Serra
onde eu e os amigos de faculdade
íamos passar as férias...
nada pra pensar de sério, nós éramos incrivelmente
ligados, dependentes, respeitando os limites
de cada um, nos amávamos feito irmãos
Fernando, Beto, Dedé, Paulo Rui, Iria, Ieda, Mando,
Luciana, Parê, Alair, Rosinha, Clarice, Rogério, Miguel,
Marco Bosco,Célia, Ari, Marta, Zé Goiaba...
e mais os agregados...
não tínhamos a idéia da fortaleza desse laço:
iriam permanecer para sempre!
Hoje não temos mais o Ari e a Marta
Ambos nos deixaram muito cedo!
deu-me a impressão que foi por opção deles...
Alguem ópta por morrer?
Corajosos... tinham suas razões?
não sei... continuo a ama-los.
"Dessa janela sozinho,
Olhar a cidade me acalma
rio e também posso chorar..."
agora é a Gal cantando Macalé
( uma das nossas preferidas)
Amigos e uma certa cumplicidade...
todos juntos, vira uma mostra de inteligência,
cultura, arte, música, sabedoria,
mas principalmente de emoções!
juntos, nos fortalecemos, porque
aprendemos a nos amar e respeitar...
Não precisamos ter segredos entre nós
vivemos as alegrias e tristezas
os sucessos e as derrotas,
( um tipo de casamento)
não importa se envelhecemos,
a compreensão mútua permanece,
sem julgamentos, sem pré- conceitos,
as piadas , a música, o choro, o canto
e a paz faz parte desse universo!
e os nossos filhos vivem tudo isso conosco
e os nossos filhos viram filhos de todos nós
e nos encontros, lá estão eles
ouvindo as músicas e as histórias contadas
do tempo dos 20 anos dos seus pais...
(agora devagar estão vindo os netos)
e mesmo cada um no seu canto,
não estamos nunca esquecidos,
nos reencontros - canta, conta e encanta,
de tanta alegria e sentimento!
passou o meu vazio...
" junto a minha rua, havia um bosque
que o muro alto dividia...lá
toda maçã nascia e a dona do bosque nem via..."

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Azul

chego em casa como
este vento fora de época, na primavera.
estou catatônica e anestesiada!
não que algo novo tenha acontecido
a cidade continua silenciosa
mas sem pressa para dormir,
a noite parece atenta...
qual seria a expectativa?
parece um estar de volta ao futuro
antes, pobre de certezas
soberano em sua existência,
inatingível,o futuro não teria plano
para o presente...
e o dia ,e a noite, todas iguais,
não queriam mais viver
sufocadas, silenciosas na dor,
cúmplice da indiferença ,
pediam mais: há de existir algo
deslumbrante ... e no céu onde a lua
arrebanha as esperanças,
trará o amanhã, azul...
como a minha alma deseja:
azul e calma para te amar!

domingo, 18 de novembro de 2007

Quadro

Fico olhando atentamente
para um quadro - gravura de Mattisse,
presente da amiga Dedé...
Eu o fixei na parede da minha sala:

Uma mulher jovem sentada em uma cadeira
na sala de estar, com uma cortina
com estampa azul ao fundo.
cabelos negros, curtos,
emoldurando o rosto oval
com olhos também negros
expressando a promessa do futuro!
Uma jovem mulher na espera do melhor...
pernas cruzadas, trajando um vestido
também com estampa florida em tons
combinando com a cortina de fundo,
e com os ladrilhos estampados do piso
(Ou seriam folhas caídas?)
Um vestido de alças lhe expõe o colo ,
e de um ombro, cai um chale de seda azul
com rosas salmão bem claras,
sapatos com fivelas
lhe dando um ar pueril e sensual!
olhar, com a certeza de que o amor
lhe acompanhará eternamente...
ao seu lado, um vaso com uma planta
de folhas verdes e regulares,
acompanhando toda a extensão da parede,
justificando o nome do quadro:
"waman with a exotic plant"- datado de 1925
Colorido, brincando com as cores,
misturam-se o azul da estampa da cortina,
o tom anil do barrado do chale,
o verde das folhas da planta,
e o salmão das flores do chale.
(chale com flores salmão terminado em franja azul anil)
Quem seria a jovem retratada pelo artista em 1925?
o que teria sido de sua vida?
que segredos guardava na sua alma,
para se perpetuar na arte de Matisse?
Matisse a coloriu e a expressou
sentada ao lado do vaso de planta,
altivos, imponentes, certos de suas belezas,
expressos eternamente para o mundo
O "duo" da vida:
selvagem e dócil
a mulher e a planta!
Muito bom te-lo em minha sala...
Obrigada, Dedé !

HENRI MATISSE - Pintor françês (1869 a 1954)

domingo, 11 de novembro de 2007

livros e amigos

livros
livros e amigos
livros, amigos e pão
livros, amigos, pão com manteiga
livros, amigos, pão, manteiga e café
livros, amigos, pão, manteiga, café e leite
livros, amigos, pão, manteiga, café, leite e conversa
livros, amigos, pão, manteiga, café, leite, conversa e viagem
livros, amigos, pão, manteiga, café, leite, conversa, viagem e mar
livros, amigos, pão, manteiga, café, leite, conversa, viagem, mar e liberdade
alguém precisa de algo mais?

Metrô

ando de metrô
e como o Rubem Alves,
fico imaginando a vida de cada pessoa
que ali está, indo para o seu destino.
crianças, adolescentes, homens, mulheres...
alguns, o cansaço está na face, no corpo
outros, parecem determinados, gostam dos seus destinos
gostaria de cumprimentar a todos mas,
sigo a regra dos anônimos da cidade grande!
misturam- se as faces: alegres, pensativas,
ausentes, preocupadas, aliviadas, doentes, estrogênicas,
testosterõnicas, pobres e quase pobres...
prá mim, é curioso!
olho o embarque e o desembarque
apressado e costumeiro : sem medo, com firmeza,
certos da continuidade da tarde,
da noite, do amanhã ... O que seria de cada um?
"- Próxima estação ..., desembarque a esquerda"
eu desço, sob os olhos atentos dos meus meninos grandes,
preocupados comigo , expressando carinho e cuidados.
Eu desço, com o sentimento de liberdade ,
e a leveza de estar anônima na cidade grande,
que carrega os mistérios de todas as faces que se cruzam
que normatiza a forma de viver...
que se apodera da vida de todos...
que desvenda os mistérios, mas não os revela!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Espera

Segue a noite,
a madrugada segue...
não estou só na madrugada da cidade
encontro outras estranhas companhias,
o cansaço, a dor, a solidão
e principalmente a saudade...
segue a cidade, silenciosamente ...
e eu fico com os ruídos
da muda noite que segue
na espera do amanhã perfeito!

Caminhos

Não tem volta os caminhos vividos
há lembranças e esquecimentos
Tem cor, cheiro, gosto e desgosto
Não há resgate dos dias vividos
Vividos, passaram...
Agonizaram nas profundezas do inconsciente!
Não tem ganhos e nem perdas,
tem apenas sombras e flashs de luzes,
e muita alegria, pois foram vividos
e tristeza também...por sido vividos
Não se encontram os momentos passados
Passados, já se perderam
mesmo que eu me proponha
a pesca-los no fundo do poço,
da confusa alma aflita,
dia a dia, hora a hora, incansavelmente,
eu não os encontraria ...
Passados, se tornaram sombras
fantasmas, fadas, contos, histórias.
perde-se com o presente,
o antigo e cansado passado !
Tão antigo , insistindo na memória,
deformando-se nos sonhos,
e ditando as duras regras do futuro!
O passado, passou ...
com ele, também passaram as certezas
e os ninhos de amores!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Recados

Rogério,
Achei que voce fosse me ligar
as suas terças não são livres?
Custa dizer um Alô ?
ou quer me deixar com saudades?
to te aguardando, Rogério...
o nosso projeto já alcançou a meta esperada...
Como diria a sua amiga da "Clinica Nestor LOngato": É um Sucesso!
e aquela conversa? fica para quando eu retornar? Na Asságio?

Dedé, mais que amiga: voce é irmã
juro que eu quero viajar com voce
Que tal?
um lugarzinho por perto,
livros, café e chocolate às tardezinhas,
e muita conversa e risadas...
Vamos? estou com saudade,
dividir alegrias e aflições
como é bom ter voce
"de braços e coração bem abertos pra me proteger"


Oh, Anna
brincou?
Fiquei feito besta te esperando na segunda...
Tô pagando "10 real" prá saber o que voce
anda criando, fazendo...
Não se esqueça daquele meu pedido
Adorei o Certificado do Premio Sérgio Arouca...
Mérito seu ... Parabéns!
obrigada pela gentileza de me incluir...
MI: 9,3 em Piracicaba !
Belo Projeto!

Alaor, o seu blog está hiper, super
incrementado...
Tô precisando de umas dicas,
vou te procurar , posso?
não consigo postar meus comentários prá voce...
(para os meus amigos: querem aprender francês ?
acessem: http://falandofrances.blogspot.com)
estou te aguardando para divulgarmos o projeto.

Paulo Rui,querido, aquele encontro
com a turma toda vai sair?
A Rosinha quer confirmar para o feriado de 15 de novembro
Estamos todos morrendo de saudades ...
Gostei dos seus escritos
escreva mais e me mande,
vamos acertar a sua vinda?

Malu, meu par de olhos azuis ...
voce é tão colorida quanto os seus relatórios...
obrigada, querida
o seu potencial irá colocá- la
no canto que o mundo reserva prá voce...
Esse espaço é só seu, apenas te aguarda!
e eu egoísta, brigo comigo mesma
querendo impedir este vôo
Perdão, tá?

Ana e Tiago
meus amores , estou reservando um final de semana
para cair no afeto e no aconchego
desse Ap de voces
Amo Sampa, a Paulista, o MASP, a Livraria Cultura mas
o que eu vou buscar mesmo,
é o amor de voces!
( o Bob Marley já é nosso - está todo educado e até gentil com as pessoas)

Rogério - marido
O pé de Ipê pegou,
está crescendo... e já tem um monte
de galhos e folhas
Voce o viu? Pensou o mesmo...?
estou cuidando... mas preciso de ajuda!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

palavras

meia noite, meia vida...
nada por inteiro,
nada para completar
segue o incompleto vazio
segue o incompleto estado de ser
da cidade catatônica, pairando no ar
de outubros e primaveras...
não seria , se completo fosse
não existiria, se não fosse incompleto
assim segue a cidade ...
incompletamente segue
na meia linha, na meia vida
irreversívelmente na caminhada
para o final da vida...
segue a primavera, o verão cíclicamente, seguem...
e vai a vida ao meio
e vão os amores meio vividos
e vão os sonhos poucos, bem poucos sonhados
e vão os sonhos, a vida ,o amor,
e segue a cidade pacata e preguiçosa na segunda,
no meio do dia , inventando
formas de viver...
tediamente inerte,
esboçando no canto dos pássaros
a vida a ser vivida!
a preguiça é tanta,
e a cidade meio tonta
quase morre ao sol
do meio dia,
nesta metade de outubro

E eu?
quero tomar água e
mexer as pernas...

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Júlia

a julia, oito anos, esteve em casa.
Entrou correndo e nos disse:
"Você acredita em Papai noel?
você já viu o papai Noel?
Porque eu acredito em Papai Noel!
e já vi o papai noel...
era dezembro e a luz "acabou"
o meu avô saiu para acender uma vela
e eu vi aquela touca vermelha, sabe?
passou correndo pela sala e
quando a luz acendeu,
Cade a carta que eu tinha escrito?
Ele pegou, vovó...
Você acredita?"
"acredito"
"e você tia Ana?"
"acredito"
"Tio Tiago?"
"acredito, claro".
"E você já viu ele, vovó?"
"Ah, eu já o vi
no sítio, quando eu era pequena..."

Fomos todos jantar fora,
para comemorar o aniversário da Ana Júlia
e a noite em que todos nós, felizes,
nos lembramos que vimos o Papai Noel!
Deus estava conosco nesta noite...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Rotina

estico a vida nos versos
complico os passos no caminho
encontro os amigos para um vinho
conto histórias para as crianças
janto, mas não gosto do almoço
convido a amiga para um café
compro livros, mesmo sem ter dinheiro
como queijo quente a tardezinha
telefono para a irmã mais velha
disfarço quando quero estar só
faço as segundas diferentes
encontrando o Zeca e a Darlene
como macarrone preparado
e regado com muitos risos
quero ler os filósofos
mas tenho preguiça de entende-los
a psicoterapia me fascina
mas , é coisa pra elite
morro de rir com as piadas sobre nós mesmos
eu, anna, rogério, zeca, darlene, claudia,
Dedé, ana júlia,Tiago e mais alguns...
faço um rolo e perco a meada
procuro debaixo da cama o meu cachorro
que não é meu, mais é quase
enjoei de ler a veja,
assisto a novela das oito
mesmo sendo ridícula,
queria reler todos os pasquim
e ouvir os discos da Nara,
Elis, Macalé e Mutantes
Não quero mais cozinhar...
quero comer bolo de chocolate,
com a Claudia e as meninas no PS

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

chocolate

O meu amigo Paulo me diz
para me encher de amor
e não de chocolate.
amor para os que de mim precisam,
para os desvalidos, doentes,sozinhos...
amor para eu mesma
Eu? me amar?
chocolate por não me amar...
chocolate tem no bar da esquina
para o vazio do ausente amor!
para aqueles que ainda sabem amar,
sobram nos armários, os chocolates...
para mim, o aprendizado
de me amar, me leva aos armários
do inconsciente procurando
a gaveta lacrada, na guarda do amor

Primavera

frio em setembro,
quando chega a primavera.
frio na calçada ,na noite,
na minha rua.
bem agora que eu queria flores
colorindo de amarelo toda
as minhas lembranças
das idas e vindas de todas elas!
as cores, os amores, as tintas
nas copas das árvores,
enfeitando a passagem do futuro
com tanta beleza em cantos,em pássaros!
chega a primavera, as flores, as cores...
Seria quente a noite
de setembro mas, fria reflete
a dor daqueles que não podem mais vê-la

domingo, 23 de setembro de 2007

Rumo

deixo o domingo se acabar
procuro o livro que comprei:
não quero ler.
vou tomar café e comer doce
vou deitar no quintal e ver a meia-lua no céu
vou jogar conversa fora com a Dedé e a Júlia
falar das mesmas coisas
dos nós que não se desatam
do choro que nos engasga
vou descer rua abaixo
e procurar o lugar que deve ser meu
vou ouvir o canto de longe que me ignora:
não sabe de mim e nem eu dele.
vou gargalhar quando encontrar um amigo
ignorar a dor, a vida, o tempo,
vou assistir a um filme louco
do Almodovar, ou ligar para o meu filho
e abrir o meu peito
lhe dizendo que sei do seu futuro
e que seu futuro se depender do presente,
não vai ser nada bom.
vou ouvir "Corsário" e "procurar o mar"
vou esquecer o peso da segunda
e ficar mais leve por desfazer da tonelada do domingo
vou tirar os sapatos, vou cantar do Melodia:
" rasgue a camisa, enxugue o meu pranto..."
ligar para o meu outro filho:
e lhe dizer obrigada, por ser tão bom!
e lhe pedir cuidado com a sua vida
vou me preparar para viajar
Correr o mundo, vou pra Espanha,
pra Ibiza com os meus amigos
pra Barcelona e ver o Mar
e se possível , também o Velho
vou assistir ao mais belo por do sol
no lugar onde o sol se põe a meia noite
vou cuidar do meu "menor"
amigo dos dias da semana, sereno, no seu jeito.
vou me despedir da única companheira de fitas e babados
amada, querendo colocar tudo no seu lugar
vou dançar... a dança do novo
sem esquecer as "pequenas"
que aumentaram o feminino da família,
me perpetuando neste mundo.
vou pedir perdão por não ter te traído
vou renovar o que está antigo
olhar prá trás e dizer adeus ao passado
e caminhar com as sacolas cheias de alegria
passos firmes, rumo ao lugar que deve ser meu
não vou decepcionar os que estão
nem aqueles que virão para a minha vida
os amigos , aqueles que eu amo,
mesmo longe estarão sempre comigo
vou apenas viver, nada quero, nada mais,
nada, nada.
vou voltar, sem rumo
para dentro de mim
descobrindo que nada mudou, nada.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Perda

Oi, como vai?
não me diga que
os pássaros do teu quintal
já não te visitam,
que as plantas que você sempre regou,
secaram...
que a casa está vazia,
não há comida no fogão,
o café não está pronto.
E o sorvete de milho?
as crianças estão esperando...
a paz da sua casa...
os passeios quando eu era adolescente
a sua proteção?
segure-se em mim: dou-lhe o meu corpo para o seu apoio,
fala...eu te ouço
medo? de que?
por favor não piore os meus dias, a minha vida
não é justo, não está certo...
preste atenção para as suas dores
enfrenta, luta!!!
por nós, se não for por você...
a morte se enfraquece diante de tanta esperança,
de tanta fé.
não olhe assim pra nós, pra mim
deixando a vida ir...
como se a sua vida só a você, pertencesse
como se nós pudéssemos continuar vivendo
como quando jovens, com as crianças nos rodeando,
nas brincadeiras da família.
não, não nos torne menos,
numericamente diminuídos...
afetivamente mais pobres
a família menor, o vazio maior...
por nós: não abaixe a cabeça pra ela!
erga o seu corpo, ande... nós somos o teu apoio
olhe em volta, não se deixe ir
a morte fica insignificante diante de tanto amor
não caia na armadilha...
Você tem medo ?
fala, responda!
da noite?
do que?
"da morte..."
ela está chegando, devagar... sem pressa,
insinuando vir à noite,no momento em que
os filhos, os netos , todos nós
pedimos a Deus por sua VIDA?
não fique ofegante, calma...
na chegada da noite estaremos em vigília,
no cerco da morte,
no acalento da sua vida,
no ilimitado e infinito amor
que nos une...
a pequena família

terça-feira, 4 de setembro de 2007

amigos

recebi meus amigos em minha casa
amigos, amigos...mesmo
aqueles, que não se faz "sala"
aqueles que me entendem só com
o olhar...
aqueles que chegaram
e já faziam parte de mim
aqueles com os quais eu posso
rir, chorar, falar besteiras
ou revelar minhas dores
sem censura, sem máscaras.
amigos que moram em mim
ou cujas moradas
me abrigam ...
amigos que chegam
e ficam a vontade: na minha casa,
na minha vida, no meu coração,
participam dos sonhos e dos pesadelos
afinam comigo o coral da lealdade
e cantam canções para reviver as lembranças
e viver os sonhos de uma vida
liberta das amarras
que nos amarrou um dia

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Amor Ágape

em cada face, cada expressão ,
um mundo de sentimentos,
uma cesta de afetos e desafetos:
amor,angustia,dor,rejeição,
serenidade, agressividade,ternura,
medo, sabedoria, ignorância,
inteligência, sofrimento, crueldade,
solidariedade...

diariamente nós, cuidadores da saúde,
convivemos com estas variedades!
lidamos com a dor ( a nossa matéria prima )

a dor de morrer,
a incompreensão da dor...
emudece, abole as palavras
Há quem compreenda a dor?
Os poetas, os boêmios, os bêbados,
os meninos que adormecem na rua
e se aliviam nas drogas?
a moça violentada? o idoso abandonado?
a criança rejeitada? a mãe que vê morto o filho?
o homem abandonado?
o adolescente algemado?

Eu, fantasio as dores,
imagino esquizofrenicamente
transformar o local das dores,
em jardins de alívio
em recortes coloridos
em fontes de equilíbrio
em cantos bíblicos
para aqueles que cuidamos e
para nós, os cuidadores.

"enfermeira, veja isso, aquilo,
meus pés serão salvos?
amputados?"

podemos não necessitar de pés
e as vezes nem de mente,
nem de ouvidos, nem de olhos,
nem de razão...
necessitamos de afeto,
do toque, do amor , da pele do outro,
do sorriso, da presença das crianças,
do verde da natureza
Pronto. É disso que as pessoas
necessitam.

e aí nós, enfermeiros,
viramos mães, amigas, vós, tias, irmãs,
esposas, amantes ou
madrastas, fadas, bruxas, anjos...
tudo depende de compreendermos
a dor individual, daquela pessoa,
e da outra, e da outra...
de cada ser!

eu chego em casa a noitinha,
tiro os meus sapatos brancos,
não devo dividir dores,
aprendi isso com o tempo.
nem as minhas...
me pergunto: o que sobrou de mim?
de nós todos?

No outro dia, "O Amor Ágape"- o amor incondicional,
aquele que Cristo ensinou e praticou
(aprendi isso com minha amiga anna)
nos refaz e nos coloca
no caminho do retorno.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

ipê branco

a calçada da minha casa
ganhou hoje uma vida:
de folhas verdes e flores brancas

esta vida,certamente prolongará a minha...
enfeitou a fachada, a porta de entrada,
o lugar onde vivo.
na primavera de 2008,
provavelmente terei flores,
e a exuberancia será maior
a cada ano passado...
tem a idade da Priscila,
a fortaleza da júlia,
e a alegria e beleza dos meus filhos

é o marco das vidas se refazendo,
juntando os cacos do que restou
daquilo que chamamos de amor:

da época das poesias, das canções,
do caminho incerto com a certeza
da parceria e da cumplicidade...
do tempo do nascimento dos filhos
deixando continuar as nossas vidas

houve momento em que a beleza deste caminho era tanta
que aguçava curiosidades, despertava admiração,
e o respeito naturalmente surgiu
nos olhares e falas dos incrédulos...

O ipê branco, criança,
está na calçada da minha casa...
promete raízes profundas, caules fortes,
folhas verdes, flores brancas,
sombra para as reuniões
perfumes da primavera
e o aconchego da família e dos amigos

Seria o marco? O símbolo?
Há algo tentando sobreviver?
Reviver? raízes profundas...
crianças saudáveis...
troncos fortes, flores brancas
a vida com paz...serena
o amor se esconde nos galhos?
o ipê , o amor, a família,
deslumbrantemente renascem?

terça-feira, 21 de agosto de 2007

presente

ontem eu ganhei um livro...

textos do Rubem Alves,
cujo título me fez refletir sobre
aquilo que penso, quando não estou pensando.

dificilmente eu não penso
não consigo me abstrair
quando deito, vem os pensamentos que não quero pensar
procuro disfarçar, contar carneirinhos...
e de repente estou contabilizando
o que não fiz e deveria ter feito
ou aquilo que fiz e não deveria faze-lo.

os momentos em que não penso
são quando, as crianças netas
Priscila e júlia, me levam para um mundo
habitado por princesas, crianças, bichos,
florestas, mar, rios, o mal,o bem,

(-"conta uma história, vovó!
era uma vez...uma menininha?
pergunto...
-"não vó, era uma bruxa"
e assim elas próprias
vão construindo as histórias...
-"a bruxa morreu, vovó?"
- morreu? pergunto...
-"não, vovó, coitadinha..."
Então não...ela ficou boazinha!)

ganhei este livro do Rogério- amigo
cuja sensibilidade me faz pequena...
para ele também "as bruxas não devem morrer"
cuidadoso, escolhe as palavras
para dizer o que necessita ser dito
Tem esse dom.
sem ferir, sem magoar...
Enaltece os bons sentimentos,
sem prestar atenção nos maus.

acolhe...dá colo!

espera o momento para falar.
as verdades vão lhes saltando nas palavras
devagarzinho, parecendo ser
absolutamente desnecessárias...
e ele se inclui na situação do outro,
nivela as condições, deixa-se igual,
e o outro, naquele exato momento
entende a sua pequenez, faz o "mea culpa"
e ganha um amigo...

Esse é o Rogério.
cuidador das crianças,
mas também cuida da alma dos adultos
É isso!
é um cuidador de almas,
sem descuidar da sua...
as suas aflições?
não descobri onde ele as esconde.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Noite de Sexta

hoje é sexta feira
discordo do Pedro,
meu sobrinho e também "blogueiro",
que por se tratar de sexta,
o dia, a tarde,a noite
fica com gosto de festa e liberdade
o que faço eu nesta sexta?
a antiga e companheira melancolia
chega sem aviso, senta-se na sala de estar
estica-se no sofá,
controla os programas de tv
tomando posse do "controle remoto"

sábia, não arreda o pé
e como a tv, também me controla...
cheira a guardado,nunca tomou sol
porque sempre chega à noitinha.
já não me pega desprevenida:
conheço os seus passos sorrateiros...
divide comigo os espaços
e as estranhezas da minha alma

pergunta dos filhos ausentes,
das netas que hoje não vieram,
dos amigos que estão comigo durante a semana
e vivem as suas vidas nos finais delas
pergunta pelos meus pais, minhas irmãs
e revira a minha memória:
tempos bons, tempos ruins...

ah, ela prefere os tempos idos
não me fala em sonhos ou futuro
Remexe a minha vida, percorre a minha infância,
procura os caminhos esquecidos,
e me faz lembrar os velhos lares
de afetos, comida quente, quintais de frutas

Ignoro-a, driblo o seu sarcasmo
aproveito as dicas de minha filha
e procuro "empana-la"!
não me aborrece mais a sua antiga presença
estou mais esperta, consigo até tirar proveito
da amarga e terna melancolia...

nas noites de sextas ,
eu canto prá ela a melodia
de não ser mais o que ela me tornou um dia.

domingo, 12 de agosto de 2007

Maria

"atrás daquele morro tem um pé de manacá,
nós vamos prá lá,
nós vamos casá
Voce quer?
ora se quero meu amor...
Voce vai ?
ora se vou , meu amor"

No alto daquela serra tem a casa da Maria
que cantava Angela e cascatinha

maria hospitaleira,
do pão caseiro, doce de coco no canudo
Maria das graças, pra gente rir
Maria e josé...
que criou as crianças...
nove e mais uma, mais uma...
orquídeas, pé de couve, goiaba
limão cravo, animais e passarinhos
e crianças no quintal, na barriga
aquelas que nasceram e não vieram
aquela que nasceu diferente e
Maria a fez igual...
aquela que se foi e
sufocou Maria até a morte
Quem foi? O que foi?
Quem? Como?
Calma Maria,
prá tamanha fatalidade,
não tem explicação!
Respire... respire... não se sufoque,
não acelere o seu coração,
não atropele o seu coração,
deixa que ele bata no compasso
da música que nos canta.
Res- pi- re Maria,
expanda o seu pulmão
Deus lhe deu todo o ar do mundo:
deixe ele entrar no seu peito
e te mostrar a grandeza do seu ser
não, não nos deixe...
as minhas e as outras crianças não vão entender
e a cachoeira? as frutas? a horta? o
pão feito pelas tuas mãos?
as histórias na varanda?
diga, Maria... por que desistiu?
fechou o teu peito e o teu coração...
Por que não me avisou?
quando te vi, no ultimo encontro
tive a impressão que enfim,
voce aprendeu a respirar...

"Peguei todas as flores do pé de manacá
e fiz um buquê para te enfeitar
Voce quer?"

responda, Maria...

Blefe

Não pude, não quis, não me esquivei:

deixei de lado os rumores,

os pudores ...

não hesitei em lhe dizer as bobeiras do meu coração

pensei que fosse gargalhar... no entanto

incrédulo voce me olhou e me levou a sério.

O que é isso?

Estou blefando...

"Coloque uma música clássica,

eu tiro os sapatos,

dançaremos neste curto espaço da sala

como se fosse um grande salão de festas

e fingiremos que a vida é isso:

eu e voce ... festa, música, dança

e as doces palavras do descompromisso..."

pronto, olha aí o meu coração de novo cheio de esperança!

Volto- me para o espelho refletindo o meu mundo.

o momento mágico desaparece...

Coloco agora o DVD da vida

e retorno a minha personagem,

uniformemente,

invariavelmente,

no desequilíbrio da linha da vida,

do fim da vida.

sábado, 11 de agosto de 2007

Comigo mesma

A cidade se silencia.
estou comigo mesma:
não assisto a um filme
esperando o sono,
não procuro um livro pra me distrair
da longa e solitária noite,
não abro a geladeira compulsivamente,
não ligo a tv e nem procuro uma oração.
Penso no "comigo mesma"
o que está havendo?
de onde vem tanta paz?

Encontrei o baú do inconsciente
e de VAGAR, com muito VAGAR , dia a dia
remexo nas minhas tralhas, os ocultos sentimentos...
descarto os desinteressantes, ignoro os irremovíveis,
coloco em trancas de ferro os indispensáveis,
saboreio os prazeirosos, encaro os que me amedrontam,
tento entender sem nenhum sucesso,
aqueles que insistem em serem inatingíveis e obscuros...
(Hei de abrir por completo, esta gaveta)
e anestesio os dolorosos.

Então, com gestos delicados,
sem quebras nem ranhuras, dedo a dedo...
vou despejando no canto da gaveta do inconsciente,
aqueles raros e preciosos sentimentos de amor
que recebi neste longo tempo de vida!

Estou em paz comigo, nesta noite quente de inverno
é isso!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Anas

Interessante... as anas me fascinam!
elas me rodeiam, passam por mim,
me ensinam, me perturbam, ficam para sempre...
enfim, estão na minha vida.
A ana que também é Júlia
me impressiona, me surpreende
e as vezes me assusta!
chega cheia de si, dona dela e do mundo:
- saia da frente, ou morra no atropelo
de tantas idéias e sonhos!
pelo tempo de existencia, sabe muito,
é sensível, desconfiada, inserida no mundo global.
está lhe faltando paciencia...para os mundos pequenos,
sem graça, pobre de sabedoria ou de alegria.
muda de humor quando as "coisas"
perdem o brilho do desafio...
necessita de mudanças, do novo, do desconhecido...
Quando tudo está sob o seu domínio ,
lá vai ela de novo atrás do desconforto dos seus desejos!
Esta ana também sabe ser engraçada:
faz graça pros amigos e pro namorado.
e leva muiiiito tempo para escolher um vestido na loja...
gosta de chocolate e...
no desinteressante da vida, arruma muito sono...
enrolou a sua vida com a do Ti, o namorado ,
com a do Bob, seu cachorro.
Esta Ana é parte de mim,
não viveria sem os seus mimos e seus encantos...
É o meu grande amor.
A Anna com dois ns, me acolhe com o largo sorriso...
esbanja admiração . Mal das Anas?
é tanta inteligencia que está blindada
a qualquer deslealdade que lhe façam!
Inventa, cria, faz, aperfeiçoa, aprende, repassa ...
Tem períodos que desata a chorar...
outros... briga e muito!
quer fazer valer o justo, o certo, o óbvio
Ana guerreira... reinventa o amor,
transpõe a hipocrisia, faz encontros
em prol da harmonia e assim, pode viver...
desconhece as meias palavras...
evita a mediocridade e onde ela está
pode-se ouvir suas gargalhadas
é sábia e fascinante no seu jeito de ser...
dependo desta anna para viver
Tantas outras anas na minha vida...
anas sobrinhas, anas colegas,
anas da infancia, anas que se perderam de mim
e aquelas que se foram para sempre...
Todas especiais e com seu jeito diferente de ser:
INTENSAS ANAS.

domingo, 5 de agosto de 2007

"estou em QAP com a vida"

Estou em QAP ...
Para muitos que não sabem este é um código que nós, profissionais da saúde usamos via rádio, para que a equipe esteja preparada para receber um paciente que está chegando com risco de morrer, ou seja: " ficar em alerta" "estar preparado" "paramentado" para receber e cuidar da vida daquela pessoa... "ou trazer de volta à vida".
Isso implica em muitos procedimentos : checar equipamentos, medicamentos mas, sobretudo estarmos atentos sobre a descrição do ocorrido para agirmos com certeza, firmeza, determinação e enfim salvarmos aquela vida! Tudo tem de ser sincronizado, uma mão necessitando da outra... um sinal de alerta com os olhos, cada um no seu lugar, ocupando o seu espaço... e as palavras claras, sem ambiguidade, metáforas. Nada de exageros ou de minimização. Tem que ser na medida certa... então, comemoramos o sucesso: está salva mais uma vida!!!
Está aí... agora todos podem entender o nome do meu blog- estou em "alerta" com a minha vida. Quero estar e viver na medida certa... no meu tamanho. Ficar atenta às armadilhas que eu mesma me preparo. Quero fazer aquilo que eu quero e gosto de fazer... E escrever é compatível com viver. Estou necessitando viver. Começo tímidamente, mas já é um passo.
É isso.