sexta-feira, 30 de novembro de 2007

viagem

Deixa que eu me aprofunde
nos sentimentos de minha alma,
dê espaço, saia da frente
quero perguntar o que me oculta,
a desconhecida alma,
para me presentear com o INcontrável!
tento descobrir no grande mar de emoções,
o que está dizendo a minha intuição
Fico horas procurando a porta ou o ticket
que me dê passagem para o meu interior,
para dentro da profunda e obscura alma
que cores encontrarei?
que jardim ou deserto?
que águas ou fogo?
que amores ou angústias?
que som tem a minha alma?
tem jeito de caminho estreito, escuro,
mas prometendo algum feixe de luz ...
este caminho é só meu,
não há espaço para companhia,
não há ajuda para percorre-lo...
O que poderia encontrar ?
meninas, anjos, demônios, pessoas
abismos, casas repletas de carinho,
labirintos , pedras, florestas,
chocolates ou o gosto amargo das perdas?
saia, deixe-me entrar por essa estrada
que é só minha, e revirar tudo...
e mexer, remexer, desfazer, completar,
guardar, descartar, apagar,
e embrulhar num pacote de natal
a descoberta do "eu"
para a minha paz, para o meu viver!
a intuição me informa que há algo para
consertar!

Vou fazer café ... e tomar fresquinho,
uma xícara de café!
queria a Dedé e o Paulo para me acompanhar...
e esquecer esta minha viagem!
Onde andará Rogério, Anna e Alaor?
em que rua se esconderam?
em que jardim, em que rios?
"em que terra ,em que mar?"

sábado, 24 de novembro de 2007

Encantos

Cheguei do trabalho:
fico preguiçosa nesta noite de sábado
as energias se foram,
pareço "sei lá o que de vazio"
Ouço a Nara Leão
cantando Chico:
"Por que me descobriste no abandono?
Com que direito me arrancaste um beijo?
Por que me incendiaste de desejo?
Se eu estava bem...morta de medo!"
penso no que fazer...
não dá pra descansar porque a adrenalina do PS
ainda me envenena e o meu cérebro não repousa
Ah, já sei: vou tomar uma cerveja preta em boa companhia!
ou continuar ouvindo música:
" Meu pai dormia em cama , minha mãe
no pisadô"... ainda a Nara
eu me lembro de uma casa na Beira do Rio,
em Santa Maria da Serra
onde eu e os amigos de faculdade
íamos passar as férias...
nada pra pensar de sério, nós éramos incrivelmente
ligados, dependentes, respeitando os limites
de cada um, nos amávamos feito irmãos
Fernando, Beto, Dedé, Paulo Rui, Iria, Ieda, Mando,
Luciana, Parê, Alair, Rosinha, Clarice, Rogério, Miguel,
Marco Bosco,Célia, Ari, Marta, Zé Goiaba...
e mais os agregados...
não tínhamos a idéia da fortaleza desse laço:
iriam permanecer para sempre!
Hoje não temos mais o Ari e a Marta
Ambos nos deixaram muito cedo!
deu-me a impressão que foi por opção deles...
Alguem ópta por morrer?
Corajosos... tinham suas razões?
não sei... continuo a ama-los.
"Dessa janela sozinho,
Olhar a cidade me acalma
rio e também posso chorar..."
agora é a Gal cantando Macalé
( uma das nossas preferidas)
Amigos e uma certa cumplicidade...
todos juntos, vira uma mostra de inteligência,
cultura, arte, música, sabedoria,
mas principalmente de emoções!
juntos, nos fortalecemos, porque
aprendemos a nos amar e respeitar...
Não precisamos ter segredos entre nós
vivemos as alegrias e tristezas
os sucessos e as derrotas,
( um tipo de casamento)
não importa se envelhecemos,
a compreensão mútua permanece,
sem julgamentos, sem pré- conceitos,
as piadas , a música, o choro, o canto
e a paz faz parte desse universo!
e os nossos filhos vivem tudo isso conosco
e os nossos filhos viram filhos de todos nós
e nos encontros, lá estão eles
ouvindo as músicas e as histórias contadas
do tempo dos 20 anos dos seus pais...
(agora devagar estão vindo os netos)
e mesmo cada um no seu canto,
não estamos nunca esquecidos,
nos reencontros - canta, conta e encanta,
de tanta alegria e sentimento!
passou o meu vazio...
" junto a minha rua, havia um bosque
que o muro alto dividia...lá
toda maçã nascia e a dona do bosque nem via..."

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Azul

chego em casa como
este vento fora de época, na primavera.
estou catatônica e anestesiada!
não que algo novo tenha acontecido
a cidade continua silenciosa
mas sem pressa para dormir,
a noite parece atenta...
qual seria a expectativa?
parece um estar de volta ao futuro
antes, pobre de certezas
soberano em sua existência,
inatingível,o futuro não teria plano
para o presente...
e o dia ,e a noite, todas iguais,
não queriam mais viver
sufocadas, silenciosas na dor,
cúmplice da indiferença ,
pediam mais: há de existir algo
deslumbrante ... e no céu onde a lua
arrebanha as esperanças,
trará o amanhã, azul...
como a minha alma deseja:
azul e calma para te amar!

domingo, 18 de novembro de 2007

Quadro

Fico olhando atentamente
para um quadro - gravura de Mattisse,
presente da amiga Dedé...
Eu o fixei na parede da minha sala:

Uma mulher jovem sentada em uma cadeira
na sala de estar, com uma cortina
com estampa azul ao fundo.
cabelos negros, curtos,
emoldurando o rosto oval
com olhos também negros
expressando a promessa do futuro!
Uma jovem mulher na espera do melhor...
pernas cruzadas, trajando um vestido
também com estampa florida em tons
combinando com a cortina de fundo,
e com os ladrilhos estampados do piso
(Ou seriam folhas caídas?)
Um vestido de alças lhe expõe o colo ,
e de um ombro, cai um chale de seda azul
com rosas salmão bem claras,
sapatos com fivelas
lhe dando um ar pueril e sensual!
olhar, com a certeza de que o amor
lhe acompanhará eternamente...
ao seu lado, um vaso com uma planta
de folhas verdes e regulares,
acompanhando toda a extensão da parede,
justificando o nome do quadro:
"waman with a exotic plant"- datado de 1925
Colorido, brincando com as cores,
misturam-se o azul da estampa da cortina,
o tom anil do barrado do chale,
o verde das folhas da planta,
e o salmão das flores do chale.
(chale com flores salmão terminado em franja azul anil)
Quem seria a jovem retratada pelo artista em 1925?
o que teria sido de sua vida?
que segredos guardava na sua alma,
para se perpetuar na arte de Matisse?
Matisse a coloriu e a expressou
sentada ao lado do vaso de planta,
altivos, imponentes, certos de suas belezas,
expressos eternamente para o mundo
O "duo" da vida:
selvagem e dócil
a mulher e a planta!
Muito bom te-lo em minha sala...
Obrigada, Dedé !

HENRI MATISSE - Pintor françês (1869 a 1954)

domingo, 11 de novembro de 2007

livros e amigos

livros
livros e amigos
livros, amigos e pão
livros, amigos, pão com manteiga
livros, amigos, pão, manteiga e café
livros, amigos, pão, manteiga, café e leite
livros, amigos, pão, manteiga, café, leite e conversa
livros, amigos, pão, manteiga, café, leite, conversa e viagem
livros, amigos, pão, manteiga, café, leite, conversa, viagem e mar
livros, amigos, pão, manteiga, café, leite, conversa, viagem, mar e liberdade
alguém precisa de algo mais?

Metrô

ando de metrô
e como o Rubem Alves,
fico imaginando a vida de cada pessoa
que ali está, indo para o seu destino.
crianças, adolescentes, homens, mulheres...
alguns, o cansaço está na face, no corpo
outros, parecem determinados, gostam dos seus destinos
gostaria de cumprimentar a todos mas,
sigo a regra dos anônimos da cidade grande!
misturam- se as faces: alegres, pensativas,
ausentes, preocupadas, aliviadas, doentes, estrogênicas,
testosterõnicas, pobres e quase pobres...
prá mim, é curioso!
olho o embarque e o desembarque
apressado e costumeiro : sem medo, com firmeza,
certos da continuidade da tarde,
da noite, do amanhã ... O que seria de cada um?
"- Próxima estação ..., desembarque a esquerda"
eu desço, sob os olhos atentos dos meus meninos grandes,
preocupados comigo , expressando carinho e cuidados.
Eu desço, com o sentimento de liberdade ,
e a leveza de estar anônima na cidade grande,
que carrega os mistérios de todas as faces que se cruzam
que normatiza a forma de viver...
que se apodera da vida de todos...
que desvenda os mistérios, mas não os revela!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Espera

Segue a noite,
a madrugada segue...
não estou só na madrugada da cidade
encontro outras estranhas companhias,
o cansaço, a dor, a solidão
e principalmente a saudade...
segue a cidade, silenciosamente ...
e eu fico com os ruídos
da muda noite que segue
na espera do amanhã perfeito!

Caminhos

Não tem volta os caminhos vividos
há lembranças e esquecimentos
Tem cor, cheiro, gosto e desgosto
Não há resgate dos dias vividos
Vividos, passaram...
Agonizaram nas profundezas do inconsciente!
Não tem ganhos e nem perdas,
tem apenas sombras e flashs de luzes,
e muita alegria, pois foram vividos
e tristeza também...por sido vividos
Não se encontram os momentos passados
Passados, já se perderam
mesmo que eu me proponha
a pesca-los no fundo do poço,
da confusa alma aflita,
dia a dia, hora a hora, incansavelmente,
eu não os encontraria ...
Passados, se tornaram sombras
fantasmas, fadas, contos, histórias.
perde-se com o presente,
o antigo e cansado passado !
Tão antigo , insistindo na memória,
deformando-se nos sonhos,
e ditando as duras regras do futuro!
O passado, passou ...
com ele, também passaram as certezas
e os ninhos de amores!