quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

de novo, ano novo

"o apito... anuncia a hora da partida

Maria apita..."

compre seus sonhos senhores,

estou vendendo

quem vai comprar?

amores, quem deseja?

estou a desperdiçar...

compre os anos senhores

Quem vai ... querer?

Divida a vida, senhores

quem vai ... se atrever?

Ouça as verdades, senhores

quem vai ... ousar?

Manda notícias ruins

quem vai... remete-las?

prenda a alma no cativeiro,

quem vai ... se entrevar?

Alveja sua vida,

e vista-se sem cor para o ano

quem vai ... se perder?

Renasça de olhos novos

quem vai ... reviver?

samba na linha da vida,

dê um passo em falso

quem vai ... se arriscar?

pro ano novo?

destrua o velho, o ranço

quem vai ... se livrar?

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

cor

a cor da noite é preta

a cor do dia é clara

a cor da vida é lilás

a cor do amor é neutra

a cor da coragem é rosa

a cor do sexo é vinho


a cor do gato é parda

a cor do burro?

fugiu...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

sono

disse-me um amigo:

"na lua moram os seus desejos"

por isso e aquilo

namoro a lua

agora ,

noite afora...

nem barco,

ajuda a fuga

dos insatisfeitos

feito bicho

fico a espreitar

a embarcação .

nem oceano nem mar

correm por lá...

quebrei a cara

na "geleira azul da solidão"

de amor ,

minha amiga entende

faz cartas ,

e escreve torto

em linhas certas.

diga a Cabral

que estou a resolver

se fico por aqui

ou vou pra portugal

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

fim de ano

"percorro as alamedas da memória"

acaba o ano

ando meio devagar

percebo que entro pelo cano

e novamente me engano

me desencanto

me confronto

com o mesmo tempo,

o mesmo passo

no descompasso

de tanto,

e tantas!

Tonta

procuro o ninho do conforto

e por não achar o chão

que corre , se levanta, afunda,

me apoio na parede

e só procuro uma mão

que ampare a queda

sem palavras.

No silencio do toque.

Na sutileza da morte.

domingo, 16 de novembro de 2008

passei pela calçada

olhando as vitrines

a mistura de cor me embaralhou a vista.


Preciso de algo

da cor da amizade,

da forma do amor,

da textura da delicadeza...

não encontrei.



sexta-feira, 31 de outubro de 2008

não fui

percorro o dia.

preguiçosamente,

saio da rotina.

descanso os olhos nas plantas do jardim

e lavo a alma

nos livros de poesias.

Como é bom

esperar a chuva

olhando pela janela

do quarto.

la fora, primavera afora,

vão os que não notam

nem as flores,

nem os jardins

incômodo?

só a chuva que ameaça vir...

para mim,

sentir o cheiro da terra molhada

me deixa "em graça"

comigo e o mundo,

não fui

venci a rotina!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

incompatível: vida x cotidiano

quanto mais penso
mais me complico
descomplicando, deixei de pensar.
quero só sonhar!
viver a vida supérflua,
periférica
de alegrias,
teatro e fantasias...
ganho mais anos de vida,
na qualidade
e quantidade de viver
não haverá balança, nem calendário,
nem polegada.
medida nenhuma
haverá de mensurar
a vida vivida
camuflada
de fantasias coloridas.
Impecável ,
a vida
se veste de gala
para dançar
no grande salão do cotidiano.

sábado, 4 de outubro de 2008

nada de novo

nada encontrei

neste sábado.

a vida está suspensa no ar

não sei em que direção devo voar

sem asas me esborracho

no canto , no pranto

no tempo, no templo,

no mar ou em qualquer lugar...

invento asas, e livre sobrevôo

a vida deixada lá trás

não lilás,

nem neon,

nem prata,

nem carvão.

Inócua, ecoa no vácuo?

se vácuo, não há som

silenciosamente,

vejo e deixo

a vida passar...

domingo, 7 de setembro de 2008

céu

salto pra pegar a lua

e me ralo toda

numa nuvenzinha

sem vergonha!

lá se vai a esperança

no rabo da

pipa,

desenhando círculos

no azul do céu

nem eu,

nem você.

A pipa enrolou-se

no telhado

molhado .

pingos

de chuva,

a gota última

pingou a esperança

homeopática...

na noite

há perfume de estrelas

sem vento, sem chuva

eu me perfumo

de estrelas,

à sombra da lua.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

a vida à mão

rabisca com suas mãos
a arte de ser feliz.
a vida em riscos e rabiscos
toma a forma do autor .
não haverá igual
nem aqui, nem distante.
É ímpar o desenho livre
de quem o faz, à mão.
livre e bela
as cores, as formas
pintadas na tela .
ou a argila aos poucos
tomando a forma
dos sentimentos do autor.
à mão e à coração...
a forma e o sentimento
na branca tela,
mistura a tinta
à emoção...

(para a sorte das almas vazias de artes)
para os amigos: Dedé, Cleido , Novaes, Alzira, Alaor ...

sábado, 30 de agosto de 2008

Desconsidere

no fim do inverno

um frio , frio demais

estou sozinha com o meu "bem estar"

bem por estar comigo

e comigo discutir o que não vai bem.

não vai bem este desconforto

de ventania fora de época

vem a tempestade?

sei lá!

poderia vir

e arrumar o desarrumado

o desarrimo, o desatino,

que nem ata e nem desata

atravessa na bagunça da vida...

quero fazer a lista dos amigos

e as malas para o amanhã

no temporal,

no tempo,

nos destroços,

na tempestade.

domingo, 24 de agosto de 2008

"quereres"

querer muito, complica?
contentar-se com o pouco ,
fica pouco.
mas, e com o nada?
Acovarda -se aquele
que nada muda,
diante do nada.
E a vida?
"Só tem uma, companheiro..."

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

agosto

"cantar...canta uma esperança"

choveu em agosto,

em mês de cachorro louco,

florescem as orquídeas

no meu quintal...

e se chove em agosto ,

terei mimos, petúnias,

violetas, primaveras

flor de maio , em agosto.

oposto a tudo...

o broto

da vida semente

semeada em ventre

da mais moça

inventa a festa

dos "entes",

e me perpetua

na vida que estou de passagem.

palavras

as vezes preciso das palavras

nem certas, nem erradas.

palavras são como alimento

engordam, nutrem a alma

quero a palavra escrita

e não mais a falada

a falada esconde a alma

a escrita,

dita a alma.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Sono

Fui ao bar, comi arroz com grão de bico
e coalhada.
encontrei a Zezé, o Geraldo
a Dedé.
pedi café.
falei com o sr Pedro
e terminei a quarta
com gosto de vinho
e um cansaço de 12 horas
na vertical.
caio na cama,
descanso o corpo.
e a cabeça?
lá em Brasília,
torcendo pro meu amigo trazer
o prêmio de melhor trabalho.
Quero viajar de novo
dançar tango no Caminito
ir à Ilha Bela,
e caminhar até Bonetes
passando pela cachoeira
e pelo Julião.
Na mala levo a bagagem:
poemas do Pessoa,
crônicas do Cony,
palavras do Rubem Alves,
psicologia jungiana da Clarissa,
frases do Leminski,
filosofia do Niezstche´
música do joão,
uma água de côco,
e pouca roupa,
pra não tomar
o lugar dos sonhos,
dos embrulhos de emoções,
dos pacotes de contos,
do filme da memória
da fotografia do passado.
Será que o amor
ao nível do mar,
rolando nas ondas,
batendo nas pedras,
enroscando no chapéu - de - sol
acabou se queimando na areia da praia?

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Reflexão

Começaria tudo de novo?

Sem nada mudar, nada, nada?

sim, me soa falso.

Como começar de novo uma vida já vivida ?

e conhecendo

o bem feito,

o não feito

e o mau feito?

Como assim? Tudo igual ? Sem mudar ?

e os momentos em que a mente

preocupada, desconfiada,

trabalha dia a dia para esquecê-los?

Quem se disporia?

Viver todos os momentos já vividos...

Penso , viver o vivido

sem mudar absolutamente nada?

Quem, humano, se arriscaria?

uma lista de acertos

e não acertos para se reviver , óbvio?

a belíssima "Começaria tudo outra vez" valeria?

A vida vivida de novo, sem mudar nada!

Quem ousaria?

certeza de tudo, de verdade,

repetir a vida

sem modifica-la , argumentem...

Estou curiosa.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

cansaço

não há o que perder

não haverá de perdoar

dá licença,

passa a limpo,

passa à ferro.

Passo a passo,

há de vir

o que se é pra viver.

nada de esperar ,

que seja

agora

feita a hora.


sábado, 26 de julho de 2008

nenhum

divido os caminhos

nem lá

nem cá

nem além...

fico na linha do trem

ou do nem?


se a primavera está

por vir

fico a espera dela

pois virão flores, perfumes.

a cidade se amarelará

de amarelos ipês.

esperarei a luz

valsando nas frestas

da minha janela,

para dar boas vindas

à nova cor do dia

ao novo perfume da noite...

e minha mãe me dizia:

"menina, você vai pegar uma friagem na garagem"

e eu criança , imaginava

que garagem é esta, que esfria?

não queria me arriscar,

vestia minha blusa de flanela,

flanelada no avesso, com flores miúdas

do lado direito, me enfeitando de mulher...

nem sei,

nem como, mas

esse tempo ... já se foi ?


(esquecendo esse frio de hoje, no corpo , na alma...)

domingo, 20 de julho de 2008

Do alto

do alto , verde e azul e negra e amarela

Manaus, Manaos, mais nada...

nem é preciso...

a exuberância da água

fala por mim, por você...

enquanto me afasto da vastidão verde

me aproximo

das luzes, e são tantas,

que cobre São Paulo com uma manta

de lantejoulas e missangas coloridas.

Uma, veste verde com faixas negras e amarelas.

Outra, brinca de princesa e se enfeita de brilhos.

Ambas, despejam em mim o verde e as luzes

e me ensinam que a vida é muito mais...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

diferente

O feriado acabou

e na noite de nove,

penso no dez.

nada diferente, se não fosse

a alegria da viagem

sonhada.

que bom!

dia 13 tá aí

e quem disse que é dia de azar?

pra mim é dia de voar...

Mudança?

a vida me chama de volta
volto para o nada
nada que represente vida
vida não combina
com o cotidiano de viver as mortes.
Cansei.

não quero conviver
tão pouco vivenciar
o que deixou de ser vida...

nem lágrimas, nem palavras
hão de consolar.
não tem justificativa,
não tem juizo
não é justo...

não há porque entender a morte
pior aquela cujo o coração insiste
quando tudo mais já morreu.
por que insisto eu em ser a guardiã da vida?

passo os dias espantando a morte,
Dou-lhe rasteiras,
apago os rastros.

Dissimulada
traiçoeira, chega ela:
altiva, negra, imbatível,
gargalhando,
me atropela.

nem poemas, nem o amor perdido
nem a perda do "eu"
ou superego
dos caminhos,
dos limites...
nada justifica.

não quero mais
cansei.
quero cuidar de jardins.
quero plantar flores.

enfeitar a casa

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Além , muito além

Recebi amigos em casa.

saudade
de minutos,
horas,
meses,
anos.

saudade bastante
para um
instante.

todos se
tornaram
o éramos,
o somos.

somamos nós
somamo - nos

além do mais
além do menos
além do tudo

do tempo,
do vento,
inventamos,
temperamos,
pactuamos,
perpetuamos.

na roda da saudade,
vem o som,
som amar,
somar.

vozes,
tons
perfeitos
e raros
e feitos
de anos
vividos.

refeitos.
feitos na hora,
como sempre foi.

domingo, 1 de junho de 2008

Sal

Cai a lágrima

de sal e mágoa...

faz rastro pela face

encharcando o peito

aliviando o coração

no dia frio de outono...

domingo, 25 de maio de 2008

leitura

Li Leminski :

por que

rola

esta dor

de contador

de desamor?

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Meu menino - caçula

canta, meu menino

o seu canto embala a minha vida

que deu a mim a felicidade de ser

sua mãe...

Canta , menino

que o seu canto tem raízes profundas!

( lembra o seu avô e as cordas do seu violão)

toca , insista aos seus dedos

para procurarem os acordes...

Toca as músicas dos Zecas, ( o baleiro e pagodinho)

mas não se esqueça da "bachianinha"

tão bem dedilhada pelo seu pai...

Canta a canção do João, do Chico, do Zé Ramalho

(tá no seu genótipo, na sua alma)

Toca Cartola ou mesmo Fagner

e deixa a sua mãe guardar para sempre

nas "alamedas da memória"

esses doces momentos de "amor de mãe"

nesta maravilhosa vida

de tê-lo como filho!!

Óbvio

O óbvio não está na cara,
nem nas palavras :
fica sob a luz do "abajur".
Somente o coração
conhece aquela penumbra
e traduz claro para a mente
cansada de mentir...
na penumbra se encontra o claro, o óbvio
as certezas "a media luz"
que ninguém vê
e que o coração traduz
e a alma ignora o dialeto ,
a mensagem...
cai doente: doença d'alma!
não tem olhos para atentar-se
e cai na profunda tristeza
de sentir-se só
"somente só"
deixando o óbvio
nos ínfimos raios de luz,
esquecido , cheirando a guardado
enquanto a vida passa...e cobra!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

minha menina

minha menina tem um quê
de gente grande
é uma mistura de mel , chocolate e chá verde
é rápida no pensar
corajosa pra enfrentar as dificuldades
fica de burro amarrado
quando contrariada
e não tem paciência com a lentidão
todo mundo tem que ter a clareza e a rapidez
da sua mente e da sua inteligência
minha menina é frágil
é cor de rosa
é um cocker espanhol
é uma violeta lilás
um arbusto florido
Nasceu na primavera , a minha menina...
e enfeita de flores a minha vida
a minha casa
o meu coração!
a minha menina
é grande no seu jeito de ser
e é mulher nas suas conversas
que me transformam
na sua ouvinte e na sua menina...
trocamos os papéis e ficamos iguais, igualmente
mãe e filha
filha e mãe
ah, a minha menina?
eu a amo por ser menina, mulher, filha ,companheira e amiga!

terça-feira, 13 de maio de 2008

saudade

vou telefonar para aqueles que eu amo:
para a Ana Júlia,
o Pedro,
Tiago
Fer
claudio
rafaela
fabiano
júlia
Priscila
Patricia
Cristiana
Voluzi
Marilda
Anete
Rogério
Tuon
Zezé
Ivani
Anna
Paulo
Dedé
Célia
Alaor
claudia
fernando
beto
Luciana
Parê
Armando
Goiaba
sérgio
Darlene
zeca
Cassia
Ivete
Sola
ieda
Rosinha
marcão
isabel
Bel
cleido
clarice
Ufa! estou sem fôlego e sem voz...

"on the ride"

vou sair em férias
férias de mim.
estou cansada dos mesmos percursos
da vida em círculo
(isso é tão antigo)
vou virar o Forrest Gump
quero reaver meus músculos
e perder meus pensamentos,
anestesiar o meu cérebro
descansadaMENTE,
ver os dias ,
as noites,
os lugares,
as estações,
os portos,
os mares,
as luas, (quatro - fases)
o sol,
as geleiras,
os desertos,
as montanhas,
as matas,
os rios...
e quando extenuada
ser aparada pelos amigos e filhos
na grande festa do encontro!!!
e contarei a todos as histórias vividas...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Resposta ao meu amigo- sobre o texto G. Rosa -" A terceira margem do rio"

Na terceira margem do rio
ficam os nossos medos
para avistá-los de longe, somente.
nos falta coragem,
nos falta ousadia para nos aproximarmos, questionarmos...
ficamos apenas espreitando, alimentando, agasalhando
não julgamos os sentimentos parcos,
céticos, rudes ... apenas não há entendimento dos verbos
deixar, abandonar, ignorar...
apenas perguntamos até hoje:
Por que?
sem respostas, seguimos a vida ...
não construímos as canoas... ou estamos nelas?
não nos descansa a mente
não é nossa a culpa, nem deles
mas conosco sempre, por todos os tempos
ela insiste em nos acompanhar...
e seguimos ... pedindo perdão "não sei de que"
ou tentando perdoar
"sei lá o que..."
abraços, amigo.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Lembranças

frio o dia, quente as cobertas

corro pra elas

esqueço o barulho

e ouço as lembranças

cada qual com o seu ...cada um com a sua ...

boto o tenis e não ando

é só pra dizer que no feriado

é dia de exercício

e o outro

é dia de levar a vida...

quando criança

me enrolava no carinho da minha tia

esquentava os pés na beira do fogão à lenha

e esperava a sopa quentinha do jantar

feito pela minha avó...

e o leite com chocolate condensava

na doçura das mãos de minha tia

para a minha cama quentinha!


as minhas irmãs

Anete e Marilda

vivem comigo dia a dia

hora a hora

minuto a minuto

na alma

na vida

no coração

na palma da minha mão...






encontrei

acabo de encontrar o que há tempo havia perdido
Não estava debaixo do tapete,
nem atrás do sofá
Em baixo da cama?
não , não estava...
estava bem na minha frente,
batendo na minha cara
eu é que não enxergava... não podia ver...
ainda bem...
que estou de posse
daquilo que me é demasiadamente
precioso.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Para você

escrevo hoje pra você

criei coragem !

deixo as palavras livres

livre, também o meu coração

meu bem, cuidado!

não é possível resgatar o passado

os momentos bons , foram...

e se foram, jamais se repetirão, não serão iguais

o descuido com a alma , descuidados com o amor,

colhemos no presente a insensatez da virada

e o que virou?

não sabemos. E se brincássemos de começar?

Começaria de novo ?

(gonzaguinha poetizou isso)

Começaríamos o quê?

o ciclo vida - morte - vida

que Clarissa escreveu, nos contos dos povos longíguos

ensinando que é preciso morrer para começar uma nova vida...

o desafio é complicado

mais complicado é morrer dia após dia,

devagar, lentamente

sem sequer procurar novos caminhos...

não há passado, porque passou...

é do agora que temos que cuidar

como se cuida do recém nascido...

com muita delicadeza...

com mãos e passos firmes, certos

mas, indiscutivelmente com delicadeza...

para não ferir, não magoar, não machucar

a pequena e frágil nova vida.

Ela precisa de sentimentos , agasalho, colo e alimento

para fecunda, iniciar um novo ciclo do amor...

assim, poderíamos dizer do "amor que teríamos"

capaz de morrer para reviver ,

pleno, verdadeiro, livre ... finalmente!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Manhã

as manhãs são preguiçosas

fico inerte enrolando as horas

assonada deixo de fazer até as coisas que mais gosto

não leio não caminho e não quero conversar

mau humorada, melhor seria ficar num canto quieta

aguardando a tarde

e se resolvo enfrentá-la como andar fazer tarefas de casa

fico pior... espanto todo mundo

a manhã me ofusca me deixa tonta sem pé e sem cabeça

o relógio biológico diz que antes das dez

é muito cedo para um corpo

acelerar o seu metabolismo

e enfrentar o que vem pela frente:

o que vamos fazer de almoço?

arrumo o quarto ou lavo o quintal?

Ai meu Deus... que batalha!

e mais:

todas reuniões começam as 8h

o curso interessante as 7

as confusões no trabalho as 8

o cachorro quer comer as 7

e fazer xixi as 7:30

por que o mundo não acorda as 10?

que maravilha ...

o meu ser mental, físico e espiritual agradeceria.

Antes não funciono...

posso até acordar

pra ver o sol nascer e mais nada!

é isso aí: fico sem neurônios

não coordeno nem os pensamentos

nem os movimentos do corpo

tropeço

escorrego

desequilibro ...

catatônica, apenas respiro

e aguardo a tarde para me despertar!


quarta-feira, 16 de abril de 2008

NOITE

lacônica a noite me diz :

chega, vai pro sofá

assista a um filme de humor

se agasalhe

deixa a colcha ao alcance

e quando o ar friozinho

quiser te incomodar, espante-o

se embrulhe

e sinta pulsar o seu coração

não é bom ?

aconchega-se,

eu velo o teu sono,

tranquilo, tranquilamente ...

confortavelmente

te dou sonhos de princesa

sonhos de valsa

sonhos encantados

coloridos

e o dia clareia o inesperado amanhã ...

domingo, 13 de abril de 2008

VIDA

jogo a vida fora

pela janela, pelas frestas,

devagar, em pedaços

chuto a vida, deixo rolar,

vai pra onde? pra qualquer lugar,

rola nas escadarias do presente,

roda na enxurrada de lágrimas

dos afetos e desafetos

mais desafetos...

percorre as avenidas, se encolhe nos becos,

procura companhia nas estreitas alamedas da solidão

procura sentido para continuar

não tem sossego, esbarra nos pés da ilusão

questiona os sonhos planejados para o agora,

não acha graça e discute com o coração embargado

pelos sentimentos

não tem resposta, não tem ajuda, não tem lembranças

o grande vazio enfeita e traja a vida

roda a vida sem sentido

rola miúda nos becos , avenidas, alamedas

roda sem rumo

ímpar na busca da alma

que vida é essa que não conhece a sua alma?

rola. roda. Enrosca no galho da esperança

Abraça forte o fio da corda do frágil amor.

Canta todos os cantos do suposto encontro

e pequena no canto, chora mansinho

e reclama pelo descaso... pelo cansaço

até pede ajuda :

um agasalho, um abraço da insensata alma perdida ...

mas, nada.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Feliz

Estou feliz
conversei com um amigo
e de repente
assim do nada
nós montamos um coral
cantamos "je ne regrette rien"
no telefone.
Combinamos um encontro no final de semana
com uma turmona!
e vamos montar um coral
"quem canta os seus males espanta"
e como no sonho vale tudo
escolhemos, ele escolheu
cantar Piaf em francês
topei. Canto Piaf em francês porque
terei a ajuda também de um outro amigo
que fala françês, ensina francês,
e já viveu entre os franceses...
se desafino, paciência
mas vou cantar...
e conosco já imaginamos a turma toda:
Dedé, Anna, Rosângela, darlene, Zeca,
e quem mais vier...
Vou pedir ao Rogério(marido) para ser o maestro
e o quintal de casa
vai virar um grande teatro
com o palco iluminado
pela luz da lua de maio e Junho
e o ar do outono será nosso cúmplice
nem quente, nem frio
como nossas vidas juntas,
na troca de energia,
na temperatura certa
fortalecidos por nos amarmos
por nos compreendermos

e como no coral, nos afinamos
e nos tornamos únicos.
Uníssones.

domingo, 30 de março de 2008

Inter- Ocorrências

Vixe, domingo
pós Zeca baleiro, anna, vitor, talita
presente, música, livro
caio de novo na vida ,
O PS me chama,
como banana com aveia e corro...
tem um corpo morto no velório
sem nome sem identidade
e agora sem vida
ai...ai...
Vamos rezar um pai nosso
me diz o anjo gabriel
mas e a funerária?
não vem...
a geladeira quebrou!!!
o que???
e aonde vai, aonde fica, que destino?
põe no rádio AM, liga 190,
vê se cabe, faz uma oração...
Chama o anjo...
e Gabriel, Marias, Anas, Antonias
recitam em côro, com a cabeça baixa
o pai nosso!
Bem que eu disse... foi o banho...
O que? e desde quando se morre de banho?
tava tão sujinho, coitadinho e aí ...
pronto! banho tomado, entrou em parada...
e o anjo loiro luiz, me informa:
minutos antes,
"Vai parar" saio em disparada,
junto tudo, corre povo ,
quero ajuda...é um coração cansado
e resolveu parar...
Vamos lá ;1,2,3,4,5,... Insufla...
1,2,3,4,5,6... Insufla...
não deu, cansou dessa, foi pra outra, Melhor? sei lá...
mas, coitado... agora sem funeral e sem geladeira...
vou dar bronca , ameaço, ou vem a funerária,
ou eu chamo a polícia!
Polícia? Vai ser preso? Quem? O que?
sem vida, sem comida, sem roupas, sem funeral,
vai me dizer que vai pagar as penas, morto?
ou a funerária vem ou a polícia ...
Arre...graças!!! chega o moço chique de terno e gravata...
no entardecer, quase noite...
lá se vai o desconhecido
que ficou nosso conhecido por um dia...
lá se vai na sua última viagem...
e com respeito, muitas lembranças em cada cabeça,
um nó nos pensamentos e na mente...
dizemos adeus... Deixa saudade?
Lá no céu, um boteco há de existir...

quinta-feira, 27 de março de 2008

Vírgula

não sei usar vírgulas
elas me atrapalham
seu respiro ponho vírgula
e se estou ofegante:
haja vírgulas. Quando estou "bradi" e calma
emendo tudo...
como não confio no meu rítmo
respiratório aboli as vírgulas
assim não passo vergonha
nem me afogo nem me afobo.
Pronto. Resolvi.
quero usar só ponto final
pra dizer nas entre linhas
sem vírgulas ou entre vírgulas ou ponto e vírgula
aquilo que o coração dita e edita.

domingo, 16 de março de 2008

Piaf

assisti ao filme
que conta a história de edith piaf
piaf, quer dizer pardal
e qual um pássaro, viveu Edith...
frágil, beirando a morte da alma!
mas, poderosa, era a sua voz...
esta, ninguem pode roubá-la
conviveu com perdas e desamor,
não era nada a criança de rua...
mas Deus se fez presente:
a voz destoava do frágil físico,
entoava enorme,nas canções
do desafeto e da dor...
e ecoou no universo,
e o mundo a conheceu,
e como pardal, viveu no equilíbrio do fio,
que sustentava o corpo e a mente ,
no limite da sanidade e da loucura!
no limite da vida,
Edith criou, cantou,
elaborou com a arte
o passaporte para a sobrevivência,
o suporte para a dor,
o reconhecimento do limite
entre o mal e o bem
ou quanto ambos, foram necessários.
Não importa o grande rombo
interior, o estrago , os desafetos,
as rejeições,os maus tratos, as ausências...
a voz imponente, rompe no Universo,
todos os horrores vividos...
e a platéia pede bis...
e Edith no palco, esquece sua dor.

terça-feira, 11 de março de 2008

Inês

Inês faz poesias,
fala do amor pela vida,
dos segredos do amor
e da alma feminina...
acho que a conheço há tempo,
pelo jeito de sentir
e enxergar o mundo!
parece companheira,
atrevida, intuitiva
consulta o seu interior
e conversa com ele...
tem alma de artista,
e como a maioria das "Inêses"
é bonita, cabelos e sorriso de Inês,
leves, soltos, sem medo de ser...

"Cala-te coração,
não acalente saudades.
Vigia a arte de passar..."

Inês, que conversa com o seu coração,
poetizando seus desejos:

"pulsa forte em descompasso,
busca força e energia,
não reprimas o desejo de amar"

Inêses, Clarices, Cecílias, Anas,
Sarahs, Lígias e mais tantas...
as almas femininas,
colhendo nos aventais,
as palavras em versos...
e a comida quentinha, e os filhos criados,
e a casa bela para o aconchego,
e o companheiro
na espreita do "Self"
da sua mulher, fêmea "dual"...
Inês que ama a vida:

"Amo tudo o que nela existe,
Amo o sol e as estrelas
Amo a chuva caindo,
Amo o vento soprando"

e que conversa com os sonhos:

"baixinho direi tudo
o que vai dentro de mim."

Inês que sabe da dor,
da vida, do amor e me empresta
otimismo e ousadia:

"ultrapassar montanhas, muros e pontes"
na busca do que o coração clama"

Inês, poetiza, autografou o meu coração...

quinta-feira, 6 de março de 2008

Recado

o pior da vida
é viver todos os dias iguais,
ou não vivê-los...
o pior dos sonhos é o não sonhado,
o pior da dor é não encontrar o remédio,
o pior da prisão é aquela sem grades,
não recua no meio do caminho,
atravessa o rio ,
mesmo que não haja pontes,
abra todas as portas da casa desconhecida,
conheça os incômodos cômodos,
vá de um canto a outro, vasculha,
abra as janelas
e canta as novas canções
despertando a felicidade...
não murmura, GRITA!
ousa, procura as respostas...elas estão aí...
bem guardadas no cofre da mente
siga a sua intuição...não deixa para amanhã!
a felicidade não conhece o futuro
e não permanece no passado,
ela deseja e só conhece o presente.
Vá em frente, enfrenta!
o cansaço do tempo, não quer mais esperar...
A felicidade?
boceja, adormece, silencia
e as vezes se despede
por ter sido ignorada,
despejada nos supérfluos
que inventamos, dia após dia,
no engano de continuar
a viver sem ser feliz!
nas nossas mãos , está ela
pronta para dizer adeus a solidão ...

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

desconhecido

na praça só estávamos eu, Ana Júlia , Bob Marley
e um ilustre desconhecido...
o sol estava tão quente
que mesmo nos ajeitando no banco de madeira sob as árvores
não nos acomodávamos...
passamos de um banco para outro
em busca de mais conforto
e acabamos nos sentando em frente
ao desconhecido:um homem com idade que poderia ser de 30 ou 50 anos
dormia, com muitas sacolas sob o banco,
mal cuidado no jeito de se vestir
e com sapatos lhe calçando os pés sujos.
O Bob não deixou barato.
Na curiosidade de cão,
deu-lhe aquela "cheirada"
que pode significar - "muito prazer"
ou "quem é voce, de comportamento não costumeiro?"
Assustado, o agora conhecido do Bob,
acordou, foi até a torneira da praça;
lavou o rosto, os braços e... os pés calçados!
"Ele não morde" eu disse para despreocupa-lo.
Pronto!Estabelecemos um canal de comunicação:
"estou vindo de Minas à pé... andei muitos Km...
estou descansando para continuar..."
E prá onde? perguntamos...
"mundo afora... eu e Deus... (apontando o céu)
estou esperando o sol "baixar"... o calor judia..."
e ficou prestando atenção no Bob e outros cachorros
com seus donos...comentou sobre eles...
com o ar sábio , olhando uma jovem, bem acima do peso,
que passava pela calçada, comentou:
"veja isso, como pode ficar assim?"
"deve comer tudo o que encontra pela frente...
"será que ela não percebe?"
Eu e a Ana Júlia , surpresas com o comentário...
"é... isso não é bom..."
"eu, tomei o meu café da manhã, nem almocei ainda!"
a gente come só quando tem fome...
"Olha a moça! que coisa!"
despedimo-nos do desconhecido
que tem Deus como companhia,
na sua viagem interminável ... no seu enorme mundo
e voltamos com o Bob para o nosso pequeno espaço,
nos questionando: parece sábio o homem
que vive só neste mundão de Deus!


    domingo, 17 de fevereiro de 2008

    Reencontro

    Canto as cantigas
    para enfeitar o reencontro dos amigos!
    um céu azul, pouco sol,
    harmonizando o encontro ao redor
    da mesa redonda.
    Encobria- nos de flores e de verdes,
    o jardim feito e cuidado pela dona da casa...
    Nesse ambiente de paz,
    o tempo não havia passado...
    se amigos se tornam irmãos, ali estavam os meus irmãos
    perpetuei aquele momento na memória,
    onde ficam as bagagens do amor...
    a dona da casa, fez macarrão e bolo de tapioca,
    aquele que eu gosto muito , e tem o sabor da sua vida:
    perfeito, não muito doce, nem sem doce - na medida!
    Ela decide a vida e pronto! Está decidido...
    mantém o seu jardim, a sua casa, os seus filhos,
    e a ela mesma, com uma força incomparável,
    ela é dona dela, contrói as trilhas do seus caminhos
    e deixa a sua marca...corajosa nas suas decisões
    supera, renova, e persegue as suas intuições...
    isso é o que ela me ensina, dia a dia...
    não tenho como retribuir...
    penso em suas dores superadas, descartadas...
    sou pequena para ousar...Grande Dedé!
    à sombra das plantas coloridas,na mesa redonda com bolo e café
    encontro no olhar azul, a amiga que me inspira bondade
    questiona e me ampara ao mesmo tempo,
    parece mais frágil mas, sempre foi dona da sua vida,
    se enfeita ,se veste de cores, me acalma,
    é cuidadora... sem notar, cuida de mim
    Receptiva, para o que vier, a Célia ,
    sem usar açúcar mas com muito afeto,
    está sempre com o coração pronto para me acolher!
    no verde das folhas despejando bem estar, está
    aquela que me passa simplicidade e beleza...
    "quero você bonita, feliz, alegre.."
    também desejo a você, meu bem... e mais que isso:
    há de romper com as amarras e ficar livre para um grande amor!
    e assim, misteriosa, a Ivani está conosco...
    de peito aberto, sorriso largo, na diagonal da mesa,com alguns raios de sol atravessando a folhagem e lhe caindo sobre o rosto, está o Paulo,
    que me acompanhou a vida toda... esteve nela!
    conta os contos de sua vida riquíssima, comparada a minha:
    não se deteve nos pequenos espaços, viajou o mundo,
    destrancou-se , livrou-se da vida "micro"
    e sem medo vai de norte a sul, de leste a oeste:
    passou longe das correntes, algemas, das amarras
    é inteiramente livre ...
    e me compreende como quando criança:
    há muito tempo quis endireitar o meu dedinho torto, com uma martelada:
    " não chore, eu ponho gelo e seu dedo fica consertado..."
    dessa vez, não martelou o meu dedo...
    a leveza , as palavras tão claras, e o quanto sabe de si,
    respinga em todas nós um sentimento de alegria e admiração!
    ele me protege, sem se dar conta...
    domina a sua vida, toma conta dela!
    Dia de paz...no reencontro não programado,
    dos amigos irmãos, na casa da Dedé...

    sábado, 9 de fevereiro de 2008

    Amy

    Talento e tormento
    O que é que te faz assim, menina?
    Tão bela,tão frágil, tão viva e tão perto da morte?
    que mundo é esse que voce inventou?
    como pode criar e se destruir?
    como pode cantar e se envenenar?
    com voz "blusada" voce brinca com a melodia,
    faz e desfaz do agudo
    e do grave perfeito, no timbre
    que é só seu..
    e só seus são os 20 anos vividos,
    cantados, bebidos nos copos dos palcos...
    que tanta graça no jeito de ser?
    nos cabelos inventados,
    nas roupas de boneca que te veste
    para o palco do mundo...
    por que tanto desamor e descuido com voce
    se pro mundo voce escreve,
    e melódicamente canta o amor?
    Amy Winehouse ...a voz jovem
    que o mundo descobre,
    e procura dar sentido para
    os becos, ecos, sons,
    entoados no obscuro caminho
    sem volta...
    se eu pudesse, menina,
    te mostraria o outro lado:
    a platéia que voce presenteia ,
    o brilho e a grandeza
    da estrela cadente,
    que cai "black"!
    No, no, no...

    terça-feira, 8 de janeiro de 2008

    Chico

    Canções do chico
    todas elas...
    isto mesmo :vou me dar de presente
    quero encontrar aquela
    que deve ser cantada
    para o amigo,
    a amiga,
    para o João,
    para a Maria,
    a cabrocha,
    para o pedreiro,
    o padre,
    a moça,
    a amante,
    o amante
    a amada,
    o malandro,
    a mulata,
    para a criança
    o velho,
    a namorada,
    pra minha mãe,
    meu pai
    para os filhos,
    para o homem da nossa vida,
    para o amor encontrado,
    para o amor perdido...
    Ai...ai esse Chico !
    que luz te ilumina?

    palavras

    O dia acaba,
    acabo com os chocolates
    e espero a noite,
    ao som dos joões,
    Gilberto e Bosco
    "a tardinha cai"
    "caía, a tarde feito um viaduto"
    fico me lembrando das duas épocas vividas:
    calma, tranquila e esperança no coração ainda muito jovem!
    intolerante, e com o coração inconformado
    na platéia dos absurdos!
    Despenca a esperança nos novos tempos:
    e a tardinha cai, feito um viaduto...
    e o bêbado, no barquinho a navegar ...

    quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

    noite

    madrugada afora
    lá se vão os espíritos,
    os medos, os cortes, os nortes...
    lá se vai o superego,
    e a sobra do ego é colocado à mesa dos insensatos...
    procura espaço, se ajeita, se impõe!
    lá se vai escura, a noite sem lua
    pedindo licença
    para continuar a dança
    que ensaiou na claridade do dia,
    de corpo, de alma, de eros e calma...
    cai na rua deserta e faz
    morada na casa da solidariedade,
    e samba ao som do implacável silêncio.
    Que sentimento é esse que tardiamente se revela
    mostrando o outro lado do coração?
    e pode um coração ter lados
    repletos de sentimentos e
    lados vazios dos mesmos?

    ignora a mente, a morte, a vida
    mentirosamente, faz de conta,
    cala amores, destroi prazeres
    e decreta a ruína do castelo de sonhos, sonhados...
    e a vida continua...na noite escura
    e a noite continua na vida
    e a vida pulsa como o bolero de Ravel,
    ora noite, ora madrugada,
    manhãs, tardes, noites, dias
    quentes no verão...
    e pausa...
    na morte dos amores remetidos
    ao canto da sala vazia...