quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

noite

madrugada afora
lá se vão os espíritos,
os medos, os cortes, os nortes...
lá se vai o superego,
e a sobra do ego é colocado à mesa dos insensatos...
procura espaço, se ajeita, se impõe!
lá se vai escura, a noite sem lua
pedindo licença
para continuar a dança
que ensaiou na claridade do dia,
de corpo, de alma, de eros e calma...
cai na rua deserta e faz
morada na casa da solidariedade,
e samba ao som do implacável silêncio.
Que sentimento é esse que tardiamente se revela
mostrando o outro lado do coração?
e pode um coração ter lados
repletos de sentimentos e
lados vazios dos mesmos?

ignora a mente, a morte, a vida
mentirosamente, faz de conta,
cala amores, destroi prazeres
e decreta a ruína do castelo de sonhos, sonhados...
e a vida continua...na noite escura
e a noite continua na vida
e a vida pulsa como o bolero de Ravel,
ora noite, ora madrugada,
manhãs, tardes, noites, dias
quentes no verão...
e pausa...
na morte dos amores remetidos
ao canto da sala vazia...

Nenhum comentário: