quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Rotina

estico a vida nos versos
complico os passos no caminho
encontro os amigos para um vinho
conto histórias para as crianças
janto, mas não gosto do almoço
convido a amiga para um café
compro livros, mesmo sem ter dinheiro
como queijo quente a tardezinha
telefono para a irmã mais velha
disfarço quando quero estar só
faço as segundas diferentes
encontrando o Zeca e a Darlene
como macarrone preparado
e regado com muitos risos
quero ler os filósofos
mas tenho preguiça de entende-los
a psicoterapia me fascina
mas , é coisa pra elite
morro de rir com as piadas sobre nós mesmos
eu, anna, rogério, zeca, darlene, claudia,
Dedé, ana júlia,Tiago e mais alguns...
faço um rolo e perco a meada
procuro debaixo da cama o meu cachorro
que não é meu, mais é quase
enjoei de ler a veja,
assisto a novela das oito
mesmo sendo ridícula,
queria reler todos os pasquim
e ouvir os discos da Nara,
Elis, Macalé e Mutantes
Não quero mais cozinhar...
quero comer bolo de chocolate,
com a Claudia e as meninas no PS

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

chocolate

O meu amigo Paulo me diz
para me encher de amor
e não de chocolate.
amor para os que de mim precisam,
para os desvalidos, doentes,sozinhos...
amor para eu mesma
Eu? me amar?
chocolate por não me amar...
chocolate tem no bar da esquina
para o vazio do ausente amor!
para aqueles que ainda sabem amar,
sobram nos armários, os chocolates...
para mim, o aprendizado
de me amar, me leva aos armários
do inconsciente procurando
a gaveta lacrada, na guarda do amor

Primavera

frio em setembro,
quando chega a primavera.
frio na calçada ,na noite,
na minha rua.
bem agora que eu queria flores
colorindo de amarelo toda
as minhas lembranças
das idas e vindas de todas elas!
as cores, os amores, as tintas
nas copas das árvores,
enfeitando a passagem do futuro
com tanta beleza em cantos,em pássaros!
chega a primavera, as flores, as cores...
Seria quente a noite
de setembro mas, fria reflete
a dor daqueles que não podem mais vê-la

domingo, 23 de setembro de 2007

Rumo

deixo o domingo se acabar
procuro o livro que comprei:
não quero ler.
vou tomar café e comer doce
vou deitar no quintal e ver a meia-lua no céu
vou jogar conversa fora com a Dedé e a Júlia
falar das mesmas coisas
dos nós que não se desatam
do choro que nos engasga
vou descer rua abaixo
e procurar o lugar que deve ser meu
vou ouvir o canto de longe que me ignora:
não sabe de mim e nem eu dele.
vou gargalhar quando encontrar um amigo
ignorar a dor, a vida, o tempo,
vou assistir a um filme louco
do Almodovar, ou ligar para o meu filho
e abrir o meu peito
lhe dizendo que sei do seu futuro
e que seu futuro se depender do presente,
não vai ser nada bom.
vou ouvir "Corsário" e "procurar o mar"
vou esquecer o peso da segunda
e ficar mais leve por desfazer da tonelada do domingo
vou tirar os sapatos, vou cantar do Melodia:
" rasgue a camisa, enxugue o meu pranto..."
ligar para o meu outro filho:
e lhe dizer obrigada, por ser tão bom!
e lhe pedir cuidado com a sua vida
vou me preparar para viajar
Correr o mundo, vou pra Espanha,
pra Ibiza com os meus amigos
pra Barcelona e ver o Mar
e se possível , também o Velho
vou assistir ao mais belo por do sol
no lugar onde o sol se põe a meia noite
vou cuidar do meu "menor"
amigo dos dias da semana, sereno, no seu jeito.
vou me despedir da única companheira de fitas e babados
amada, querendo colocar tudo no seu lugar
vou dançar... a dança do novo
sem esquecer as "pequenas"
que aumentaram o feminino da família,
me perpetuando neste mundo.
vou pedir perdão por não ter te traído
vou renovar o que está antigo
olhar prá trás e dizer adeus ao passado
e caminhar com as sacolas cheias de alegria
passos firmes, rumo ao lugar que deve ser meu
não vou decepcionar os que estão
nem aqueles que virão para a minha vida
os amigos , aqueles que eu amo,
mesmo longe estarão sempre comigo
vou apenas viver, nada quero, nada mais,
nada, nada.
vou voltar, sem rumo
para dentro de mim
descobrindo que nada mudou, nada.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Perda

Oi, como vai?
não me diga que
os pássaros do teu quintal
já não te visitam,
que as plantas que você sempre regou,
secaram...
que a casa está vazia,
não há comida no fogão,
o café não está pronto.
E o sorvete de milho?
as crianças estão esperando...
a paz da sua casa...
os passeios quando eu era adolescente
a sua proteção?
segure-se em mim: dou-lhe o meu corpo para o seu apoio,
fala...eu te ouço
medo? de que?
por favor não piore os meus dias, a minha vida
não é justo, não está certo...
preste atenção para as suas dores
enfrenta, luta!!!
por nós, se não for por você...
a morte se enfraquece diante de tanta esperança,
de tanta fé.
não olhe assim pra nós, pra mim
deixando a vida ir...
como se a sua vida só a você, pertencesse
como se nós pudéssemos continuar vivendo
como quando jovens, com as crianças nos rodeando,
nas brincadeiras da família.
não, não nos torne menos,
numericamente diminuídos...
afetivamente mais pobres
a família menor, o vazio maior...
por nós: não abaixe a cabeça pra ela!
erga o seu corpo, ande... nós somos o teu apoio
olhe em volta, não se deixe ir
a morte fica insignificante diante de tanto amor
não caia na armadilha...
Você tem medo ?
fala, responda!
da noite?
do que?
"da morte..."
ela está chegando, devagar... sem pressa,
insinuando vir à noite,no momento em que
os filhos, os netos , todos nós
pedimos a Deus por sua VIDA?
não fique ofegante, calma...
na chegada da noite estaremos em vigília,
no cerco da morte,
no acalento da sua vida,
no ilimitado e infinito amor
que nos une...
a pequena família

terça-feira, 4 de setembro de 2007

amigos

recebi meus amigos em minha casa
amigos, amigos...mesmo
aqueles, que não se faz "sala"
aqueles que me entendem só com
o olhar...
aqueles que chegaram
e já faziam parte de mim
aqueles com os quais eu posso
rir, chorar, falar besteiras
ou revelar minhas dores
sem censura, sem máscaras.
amigos que moram em mim
ou cujas moradas
me abrigam ...
amigos que chegam
e ficam a vontade: na minha casa,
na minha vida, no meu coração,
participam dos sonhos e dos pesadelos
afinam comigo o coral da lealdade
e cantam canções para reviver as lembranças
e viver os sonhos de uma vida
liberta das amarras
que nos amarrou um dia