quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

desconhecido

na praça só estávamos eu, Ana Júlia , Bob Marley
e um ilustre desconhecido...
o sol estava tão quente
que mesmo nos ajeitando no banco de madeira sob as árvores
não nos acomodávamos...
passamos de um banco para outro
em busca de mais conforto
e acabamos nos sentando em frente
ao desconhecido:um homem com idade que poderia ser de 30 ou 50 anos
dormia, com muitas sacolas sob o banco,
mal cuidado no jeito de se vestir
e com sapatos lhe calçando os pés sujos.
O Bob não deixou barato.
Na curiosidade de cão,
deu-lhe aquela "cheirada"
que pode significar - "muito prazer"
ou "quem é voce, de comportamento não costumeiro?"
Assustado, o agora conhecido do Bob,
acordou, foi até a torneira da praça;
lavou o rosto, os braços e... os pés calçados!
"Ele não morde" eu disse para despreocupa-lo.
Pronto!Estabelecemos um canal de comunicação:
"estou vindo de Minas à pé... andei muitos Km...
estou descansando para continuar..."
E prá onde? perguntamos...
"mundo afora... eu e Deus... (apontando o céu)
estou esperando o sol "baixar"... o calor judia..."
e ficou prestando atenção no Bob e outros cachorros
com seus donos...comentou sobre eles...
com o ar sábio , olhando uma jovem, bem acima do peso,
que passava pela calçada, comentou:
"veja isso, como pode ficar assim?"
"deve comer tudo o que encontra pela frente...
"será que ela não percebe?"
Eu e a Ana Júlia , surpresas com o comentário...
"é... isso não é bom..."
"eu, tomei o meu café da manhã, nem almocei ainda!"
a gente come só quando tem fome...
"Olha a moça! que coisa!"
despedimo-nos do desconhecido
que tem Deus como companhia,
na sua viagem interminável ... no seu enorme mundo
e voltamos com o Bob para o nosso pequeno espaço,
nos questionando: parece sábio o homem
que vive só neste mundão de Deus!


    domingo, 17 de fevereiro de 2008

    Reencontro

    Canto as cantigas
    para enfeitar o reencontro dos amigos!
    um céu azul, pouco sol,
    harmonizando o encontro ao redor
    da mesa redonda.
    Encobria- nos de flores e de verdes,
    o jardim feito e cuidado pela dona da casa...
    Nesse ambiente de paz,
    o tempo não havia passado...
    se amigos se tornam irmãos, ali estavam os meus irmãos
    perpetuei aquele momento na memória,
    onde ficam as bagagens do amor...
    a dona da casa, fez macarrão e bolo de tapioca,
    aquele que eu gosto muito , e tem o sabor da sua vida:
    perfeito, não muito doce, nem sem doce - na medida!
    Ela decide a vida e pronto! Está decidido...
    mantém o seu jardim, a sua casa, os seus filhos,
    e a ela mesma, com uma força incomparável,
    ela é dona dela, contrói as trilhas do seus caminhos
    e deixa a sua marca...corajosa nas suas decisões
    supera, renova, e persegue as suas intuições...
    isso é o que ela me ensina, dia a dia...
    não tenho como retribuir...
    penso em suas dores superadas, descartadas...
    sou pequena para ousar...Grande Dedé!
    à sombra das plantas coloridas,na mesa redonda com bolo e café
    encontro no olhar azul, a amiga que me inspira bondade
    questiona e me ampara ao mesmo tempo,
    parece mais frágil mas, sempre foi dona da sua vida,
    se enfeita ,se veste de cores, me acalma,
    é cuidadora... sem notar, cuida de mim
    Receptiva, para o que vier, a Célia ,
    sem usar açúcar mas com muito afeto,
    está sempre com o coração pronto para me acolher!
    no verde das folhas despejando bem estar, está
    aquela que me passa simplicidade e beleza...
    "quero você bonita, feliz, alegre.."
    também desejo a você, meu bem... e mais que isso:
    há de romper com as amarras e ficar livre para um grande amor!
    e assim, misteriosa, a Ivani está conosco...
    de peito aberto, sorriso largo, na diagonal da mesa,com alguns raios de sol atravessando a folhagem e lhe caindo sobre o rosto, está o Paulo,
    que me acompanhou a vida toda... esteve nela!
    conta os contos de sua vida riquíssima, comparada a minha:
    não se deteve nos pequenos espaços, viajou o mundo,
    destrancou-se , livrou-se da vida "micro"
    e sem medo vai de norte a sul, de leste a oeste:
    passou longe das correntes, algemas, das amarras
    é inteiramente livre ...
    e me compreende como quando criança:
    há muito tempo quis endireitar o meu dedinho torto, com uma martelada:
    " não chore, eu ponho gelo e seu dedo fica consertado..."
    dessa vez, não martelou o meu dedo...
    a leveza , as palavras tão claras, e o quanto sabe de si,
    respinga em todas nós um sentimento de alegria e admiração!
    ele me protege, sem se dar conta...
    domina a sua vida, toma conta dela!
    Dia de paz...no reencontro não programado,
    dos amigos irmãos, na casa da Dedé...

    sábado, 9 de fevereiro de 2008

    Amy

    Talento e tormento
    O que é que te faz assim, menina?
    Tão bela,tão frágil, tão viva e tão perto da morte?
    que mundo é esse que voce inventou?
    como pode criar e se destruir?
    como pode cantar e se envenenar?
    com voz "blusada" voce brinca com a melodia,
    faz e desfaz do agudo
    e do grave perfeito, no timbre
    que é só seu..
    e só seus são os 20 anos vividos,
    cantados, bebidos nos copos dos palcos...
    que tanta graça no jeito de ser?
    nos cabelos inventados,
    nas roupas de boneca que te veste
    para o palco do mundo...
    por que tanto desamor e descuido com voce
    se pro mundo voce escreve,
    e melódicamente canta o amor?
    Amy Winehouse ...a voz jovem
    que o mundo descobre,
    e procura dar sentido para
    os becos, ecos, sons,
    entoados no obscuro caminho
    sem volta...
    se eu pudesse, menina,
    te mostraria o outro lado:
    a platéia que voce presenteia ,
    o brilho e a grandeza
    da estrela cadente,
    que cai "black"!
    No, no, no...