sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

liberdade

Rascunho a vida
para um dia
passar a limpo.
(alguns trechos)
Não tenho tempo para todos os capítulos.
Rascunho o presente
(no futuro não terei tempo para repassá-lo)
ficará como está.
O passado ficou longo
e eu me esqueci da terefa
 de passa-lo à limpo.
então ópto pelos trechos,
os mais exuberantes...
Como naquele dia em
que, no meio do caminho
da estranha cidade,
senti pela primeira vez
o gosto da liberdade.
Andava solta, passos firmes,
entre tantos, sem conhecer ninguém
eu era a dona de mim.
sem medo, sem pressa
o que valia era o momento.
Eu apenas, contando comigo.
E botando fé em mim.
valeu.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

joão e maria

joão e maria
estão chegando
preparo o coração
preparo o colo
preparo afetuosamente
todos as rimas
pra maria ,
prima do joão.
pro joão preparo
o preparado.
de tão esperado
pensa que reina
no reinado de maria.
se maria é clara
joão é encardido,
já faz birra na barriga.
o que será do joão
 se a pequenina clara resolve ser de briga?
joão é cavalheiro, não dá bofetão,
não é valentão
fica esperto
reinando no reino de maria,
carolina, priscila e júlia...
joão e maria , presentes na minha vida.
Alguém se foi... longe, para muito longe.
Chegou o príncipe negro,
 com uma capa enorme.
 Envolveu a moça ainda jovem
e sussurrou:
"vamos, não tenha medo
tudo está em seu lugar..."
"tenho mesmo que ir?"
"não se preocupe, está tudo certo."
"não se desarranjará tudo?"
"vamos minha menina, eu te escolhi"
os pés deixam o chão num vôo
para nunca mais voltar.
Na terra?
"deixo vocês aos 30 anos, para que vivam todo o tempo que eu tinha,
para que se encham de leveza e me compreendam por ter ido.
O tempo que não vivi, presenteio aqueles que me amaram, e os dias  se transformarão em cestas de carinhos para serem distribuídos para os meus  filhos”

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

vida

espero um canto longe
 com vozes se misturando num místico som de viver.
espero a vida cantada .
não contada. Fica sem graça.
em cantos de vozes femininas,
suaves, compassadas,
pianíssimas,
vozes cantando a vida.
Não em verso. Fica chata.
vozes em sons... choradas,
ou em jazz, blues, valsas,
ou calmamente em do menor, em dor maior, 
em cantos,
em   vozes, em choros.
Vida em som.
som   e  choros     
 doces ,
gosto de mel
de melodia

sábado, 28 de agosto de 2010

reflexão

Enfiei a cara no trabalho
 num curso de psiquiatria e outro de gestão em saúde pública.
Enjoei dos três... o curso de psiquiatria virou chororô de colegas
que nada podem fazer
porque precisa disso e daquilo...
como estou seletiva
e com certeza absoluta que nada irá mudar no cuidado com
o doente mental , penso em não voltar...
O trabalho... bem, sou apaixonada pelo que faço
mas estou me sentindo cansada.
a saúde está enrolada e não conectada em rede.
Desconectada, a coisa não anda. Ficamos atados.Cada um no seu mundinho. Eu também.
Mundo da urgência, o mundo  unidade da família, do posto, do SAMU, do especialista, do hospital
e aí vai... sei lá pra onde.
E o doente? Dança nos vários mundos, feitos por nós.

O curso de gestão às vezes me conforta outras, me deixa com cara de paisagem; Hã???
To querendo ir para Torrinha, na casa do lago e ficar ouvindo os passarinhos...
nada melhor que a natureza e um livro.
Ficaria por lá.

domingo, 22 de agosto de 2010

tempo

penso da janela de minha casa
quando criança.
e de repente
na minha memória floresce
margaridas brancas...
mal me quer,
bem me quer ...

Oi, Como vai?

senti saudades
está muito difícil te reencontrar...
voce se embotou,
diminuiu,
sumiu.
não sobrou coragem.
aliás,
nem sei porque retornou
ajeita-se no porão do inconsciente
aquieta-se
nem pablo, nem pessoa
neste tempo, a vida estacionou.

domingo, 14 de março de 2010

Até...

do lado de cá
sem novidades.
"nada de novo no front..."
não se tem notícias de lá
porque não há embarcação para
a travessia...
vai-se à pé, à nado, sei lá!
o que há do outro lado?
a visão embaçou, ficou turva, cegou.
passo a passo, não!
meia volta. Não há como arriscar
mais cômodo é pra quem fica
o mais difícil é ficar no meio da correnteza
 aqui, ou no meio do caminho
 fica distante os jardins da juventude.
sem relógio não se ouve os toques das horas
se esquece do passado,
e o lado de lá?
cada vez mais inacessível.

 vou andando por aí
Até mais

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

chuva

a chuva refresca,
esfria o chão quente,
mata o calor,
mata a saudade,
mata o marasmo morno:
saldo do  dia quente
do dia cansado.
a chuva pede passagem
e todos os seres vivos
a reverenciam
e a noite vai... agradece
se refrescando
no embalo da cantiga
da chuva.
cheirando à terra molhada
me leva a memória
em tempos tão distantes
que ouço a minha mãe:
"vai logo se enxugar e coloca o pijama, menina!"
protegidamente do mundo
lá fora...adormeço,
em tempo de paz.

domingo, 3 de janeiro de 2010

delírios

o inimigo me persegue
corro de um lado pra outro
não vejo
atras da porta?
tropeço e caio.
Cadê?
escuta... escuta o barulho...
tá ali, só eu vejo?
atarraca os meus cabelos
credo, que arrepio...

olho pra cima , olho prá baixo.
de um lado, do outro...
enlouqueci/ alucinei/
ah.. agora sim
me jogo no chão
arrebento o joelho,
procuro no canto
enfim, mosquitinho sem vergonha!

Adeus, ano velho

lá vem o ano novo
e eu? cansada depois de muitos plantões
muda o ano
e as lembranças
daqueles que não vi
daqueles que se foram para sempre
daquele que não veio apesar de tão esperado.

 vai a minha menina de volta pra vida de trabalho
e de mulher
e eu fico
olhando pela fresta da janela
o ano que se inicia
tento adivinhar
o que ele me diz...
algumas coisas são certas:
a mesmice, o dia e a noite iguais.
Isto é matemático.
Não muda porque exige da espectadora as mudanças.
afora isso,
o imprevisivel:
talvez melhorias,
talvez o inevitável.
fazia tempo que eu não chorava...
me deu saudade do vizinho loiro
que mudou-se para a eternidade
levando a sua juventude
e nos deixando envelhecidos.

adeus, ano velho.
Nas palavras da Sarah,
"tudo recomeça (inacreditavelmente) igual"